A neurocientista de Londrina Daniele De Mari, de apenas 23 anos, está promovendo uma mudança incremental nas formas de captação e análise de sequências históricas de ondas cerebrais de pacientes neurológicos. Sua solução para detectar e prever distúrbios com o uso de Inteligência artificial já atraiu investimento inicial de US$ 1 milhão, realizado por fundos estrangeiros, e está em experimentação em grandes instituições brasileiras, como o Instituto do Cérebro do Hospital Albert Einstein e o Instituto do Sono do Rio Grande do Sul.
Médicos e hospitais brasileiros e do exterior estão explorando o algoritmo registrado por Daniele, na sua startup Neurogram, em diagnósticos de ponta, e no monitoramento clínico do cérebro de pacientes em situação de uti.
Formada em neurociência no Instituto de Tecnologia da Geórgia (EUA), e após quatro anos de pesquisas clínicas com uma equipe multidisciplinar, Daniele desenvolveu uma solução capaz de analisar padrões sobrepostos de ondas cerebrais de alta complexidade e que não são passíveis de visualização através de eletroencefalogramas isolados.
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Num primeiro movimento de aporte, a Neurogram captou US$ 1 Milhão (cerca de R$ 5 milhões), o que assegura o início da operação comercial.
Através de um aplicativo de baixo custo, e rodando em computadores comuns conectados à Internet, os médicos conseguem, com o sistema da Neurogram, obter análises comparativas de ondas do cérebro em sequências dinâmicas que promovem a análise enriquecida e viabilizam insights com maior nível de acurácia.
“A inteligência artificial correlaciona milhares de registros sobrepostos de eventos cerebrais. Cria-se assim uma biblioteca dinâmica, estabelecendo biomarcadores capazes de analisar a situação do paciente no exato momento do exame neurológico. Com isto, se torna possível avançar com o diagnóstico preditivo, antecipando-se à ocorrência de um acidente, um surto ou a evolução descontrolada dos distúrbios”, explica De Mari.
A plataforma da Neurogram permite também monitorar a atividade cerebral, desde o leito hospitalar. Desta forma, ela pode emitir alertas de situações de risco neurológico para as equipes médicas, ou até mesmo para a enfermagem. O médico também pode usar a plataforma para compor sequências históricas de eletroencefalogramas de casos individuais relacionadas aos diversos marcadores.
Isto facilita o estudo de variáveis, como a reação do paciente a terapias, substâncias, farmacológicas, ou eventos traumáticos observados durante o tratamento.
Segundo Daniele De Mari, o testemunho dos médicos e dos meios acadêmicos atesta a tecnologia da Neurogram como uma nova esperança para o diagnóstico e acompanhamento de distúrbios neurológicas e psiquiátricas em vários níveis de gravidade, como epilepsia, TDAH, esquizofrenia, Alzheimer, Parkinson e depressão.
Hoje, o médico escaneia ondas cerebrais do paciente limitadas a um curto período, através de eletrodos monitorados por um software proprietário. Estes registros não são passíveis de acesso retomo ou ao compartilhamento, e ficam restritos a um determinado hardware.
O paciente, por sua vez tem acesso apenas a laudos impressos, de forma fragmentada, representando este determinado momento. Estes gráficos precisam ser retirados presencialmente, caso necessitem ser apresentados a outro profissional de saúde.
Com a plataforma da Neurogram, os médicos e os pacientes poderão dispor de tokens para acessar seus diagramas individuais de forma segura e privativa, através da internet.
Para a comunidade médico-científica, este modelo permite realimentar constantemente a massa crítica já existente em eletroencefalogramas reais em clínicas ou hospitais públicos e privados, fazendo a melhoria contínua dos processos.
“Nossa inteligência analítica permite o a criação de bases de dados totalmente anonimizadas. Isto resulta numa ferramenta de pesquisa com potencial disruptivo para o universo da saúde neurológica”, completa Daniele De Mari.