Após 14 anos sem ocorrer, a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação tem como missão ajudar a desenhar um possível plano para o futuro da ciência brasileira.
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Existe a expectativa, por exemplo, de que haja a apresentação de um plano relacionado à IA (Inteligência Artificial) no evento, que terá participação do presidente Lula (PT) e de diversos ministros.
O evento, porém, que deveria ir de 4 a 6 de junho, foi adiado devido às devastadoras chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul. A nova data ainda não foi divulgada, mas deve ser definida em breve.
Era março de 2010 da última vez em que o evento foi realizado. Sérgio Machado Rezende era o então ministro da Ciência e Tecnologia, durante o governo Lula (PT).
"De lá para cá, você sabe que nós sofremos bastante, e o governo não queria fazer conferência em hipótese alguma", diz o ex-ministro e agora secretário-geral da conferência.
Rezende conta como as quatro conferências anteriores aconteceram em alguns momentos importantes da ciência e tecnologia nacionais. A primeira, por exemplo, aconteceu em 1985, ano de surgimento do Ministério de Ciência e Tecnologia.
As conferências seguintes vieram somente 16 anos depois, começando por 2001, quando houve discussões sobre financiamento da ciência a partir de fundos setorias e sobre o bilionário FNDCT (Fundo Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Depois vieram as de 2005 -na qual Rezende já era ministro- e de 2010.
A nova conferência tem a missão de ajudar a propor recomendações para a ENCTI 2024-2030 (Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação), algo que logicamente não seria possível nos três dias em que o evento ocorrerá.
Por isso, há meses têm ocorrido eventos preparatórios com discussões e propostas que irão, finalmente, abastecer a conferência nacional.
Citando a terceira conferência, Rezende, secretário-geral da quinta, conta como o que é ali discutido pode impactar a realidade científica nacional.
"As discussões resultaram em ideias para termos um plano de ciência e tecnologia, que nunca havíamos tido. No segundo governo Lula, nós tivemos um plano, que chamava plano de ação em ciência, tecnologia e inovação", diz Rezende.
"Ele foi proposto pela conferência. Quando o presidente Lula, no início do segundo governo, anunciou que haveria um PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], nós levamos a ele a ideia que tinha sido dada de ter um plano de ciência e tecnologia. Ele deu todo o apoio."
Rezende diz que de 2007 a 2010 houve, então, um plano baseado em quatro eixos estratégicos, cada um com linhas de ação que, por sua vez, se ramificavam em programas. Estes, por sua vez, tinham objetivos previstos, metas, enumeração de participantes e previsão de recursos.
A quarta conferência, em 2010, chegou a ter recomendações para até 2022, devido à comemoração, naquele ano, do bicentenário da Independência brasileira.
"Só que aí muda o governo e, como você sabe, os governos que entram, em geral, não querem aproveitar muito o governo anterior, querem deixar sua marca", diz Rezende.
"Nós tivemos ótimas recomendações, muitas delas são válidas até hoje, mas desde 2010, desde 2011, nós não tivemos plano, nós voltamos a ter o FNDCT contingenciado e nos últimos anos foi um desastre."