O uso de plantas medicinais para tratamentos é um hábito passado de geração em geração. Chás, compressas, xaropes, emplastros, inalações, escalda-pés, banho, gargarejo... Os brasileiros costumam usar folhas, flores, raízes, frutas, botões e brotos para tratar várias enfermidades.
No entanto, a utilização indiscriminada de plantas pode trazer riscos para a saúde. Pensando nisso, estudantes da área de Saúde do UniCuritiba (Centro Universitário Curitiba) promoveram o projeto de extensão “Uso racional de plantas medicinais: uma troca de saberes entre a comunidade e a universidade”.
Orientados pela professora Fernanda Bovo, doutora em Ciências Farmacêuticas, mais de 20 estudantes se envolveram na pesquisa: Andressa Cardoso, Mateus de Paula, Guilherme Bino, Brunna Rodrigues, Thalita Ribas, Rosangela Rodrigues, Lucio Possar, Eliane Lenhardt, Ana Paula Quitério, Thiago Ribeiro, Lucas de Lima, Ana Carolina dos Santos, Ana Luiza Minhuk, Adriana Rockenbach, Brunna Rodrigues, Eduarda Pereira, Gabriela Siqueira, Lorenzo Zorzenoni, Evelyn Gabriel, Guilherme Maciel, Thiago Maiczak, Giovanna Sniecikoski e Daiane Mello.
Leia mais:
Acesso à internet pode melhorar a saúde mental de pessoas acima de 50 anos, diz estudo
Hormonologia, sem reconhecimento de entidades médicas, se espalha nas redes e tem até congresso
Bolsonaro terá benefício em prescrição de crimes ao fazer 70 anos em 2025
Projeto do governo Ratinho retira poder de conselho ambiental e prevê ampliar licenças simplificadas no Paraná
Inicialmente, foram analisados hábitos e conhecimentos de um grupo de moradores de Curitiba com base em um questionário a respeito do uso de plantas medicinais. As respostas revelaram empregos equivocadas e que poderiam, inclusive, causar problemas de saúde.
Um exemplo é a babosa, planta cujas folhas se tornam tóxicas se batidas no liquidificador e ingeridas. Os estudantes não só orientaram o público-alvo do projeto do uso racional de drogas vegetais como alertaram sobre a importância da dose empregada..
Bovo explica que há diferenças a serem consideradas. “Uma porção de folhas de determinada planta dissolvida em um litro de água e utilizada em doses diárias de uma colher por dia é bem diferente da mesma porção de folhas dissolvida em um copo de água (250ml) e tomada de uma só vez”, detalha.
Conforme a especialista, o uso de plantas requer atenção especial em vários aspectos. “A temperatura também importa, assim como o fato de ferver a planta junto com a água ou não. Todos esses detalhes fazem a diferença para a saúde.”
Além de orientar a comunidade, os estudantes desenvolveram receitas com plantas comestíveis, como pão de açafrão, brownie de ora-pro-nóbis, chá antiestresse, entre outras.
Dia Nacional da Saúde e da Farmácia
A escolha do tema do projeto não foi em vão. Mesmo com o avanço na produção de medicamentos sintéticos, a utilização de plantas medicinais é um hábito em muitos lares. Os fitoterápicos são usados, inclusive, em programas municipais de saúde - com acompanhamento profissional - e têm apresentado resultados satisfatórios nos tratamentos.
Graduada em Farmácia e mestre em Patologia Experimental, a professora Bovo aproveita o Dia Nacional da Saúde e da Farmácia, comemorado neste 5 de agosto, para reforçar a importância do projeto. “As plantas medicinais são aquelas que apresentam ação farmacológica, ajudando no tratamento e cura de várias enfermidades, mas não devem ser usadas sem conhecimento. Por isso, projetos de extensão com esse foco são sempre importantes.”
Na avaliação dela, o trabalho dos estudantes do UniCuritiba mostra a conexão entre os saberes acadêmicos e populares. “Esse é o nosso papel: democratizar o saber e usar o conhecimento científico em benefício da sociedade. É gratificante ver os estudantes trabalhando em projetos extramuros, que orientam a população e auxiliam na promoção da saúde e na prevenção de doenças.”
Banco de dados nacional
O uso de plantas medicinais é tão comum no Brasil que o Farmanginhos (Instituto de Tecnologia em Fármacos) da Fiocruz Fundação Oswaldo Cruz) criou um banco de dados com informações sobre o tema. A plataforma é resultado de um estudo realizado pelo herbário do Cibs (Centro de Inovação em Biodiversidade e Saúde) com o apoio da VPPCB (Vice-presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz).
O acervo conta atualmente com 300 espécies de plantas medicinais, que podem ser consultadas por nome popular, científico ou família botânica. As informações estão disponíveis na página da Coleção de Botânica de Plantas Medicinais (http://cbpm.fiocruz.br/index?ethnobotany). O trabalho é permanente e o banco de dados é atualizado sempre que uma nova espécie é catalogada.