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As legítimas

Sandálias ganham status fashion e até colecionadores

Gisele Mendonça
31 dez 1969 às 21:33

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- João Mário Góes
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Elevado ao posto de ícone fashion no início dos anos 2000, o calçado mais popular do Brasil tem consumidores que também podem ser considerados fãs. São eles que ajudam a impulsionar o negócio das empresárias Cláudia Rodrigues e Meire Barbetta Zanelatto, que há cerca de um ano abriram em Londrina uma loja que tem as Havaianas como produto exclusivo. Mais do que comercializar, elas criaram meios de agregar valor ao produto, customizando as sandálias e fazendo impressões digitais no solado.

O negócio não é franquia e nasceu da vontade das sócias de trabalhar exclusivamente com o produto. ''Sempre gostamos de Havaianas e, pesquisando o mercado, constatamos que os supermercados e lojas de calçados ofereciam apenas os modelos mais básicos. Faltava muita coisa no mercado local. Fomos atrás do distribuidor na região e montamos a loja do jeito que queríamos'', conta Cláudia. Dos mais de 90 modelos existentes da sandália, a loja - que leva o nome de Legítima - trabalha com um mix de 60, entre infantis, masculinos e femininos.

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Há desde as tradicionais (de duas cores), que custam cerca de R$ 7, até as versões fashion com salto e cores metalizadas (R$ 41,90). Entre os demais modelos, o que muda são as cores, as estampas, a largura e disposição das tiras e a espessura do solado. As mulheres são as maiores consumidoras. Para elas, o mix é amplo.

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Existem as opções customizadas pela própria loja: às tiras das sandálias são aplicados tecidos e pedrarias. Nestes casos, é possível gastar até R$ 90 em um par de Havaianas. ''A mais cara é um modelo bastante procurado pelas noivas, que é branca, de salto e bordada com strass'', conta Cláudia.

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A partir da noiva aparecem mais clientes para o negócio: os convidados do casamento. Seguindo uma tendência iniciada com famosos, torna-se comum a distribuição de Havaianas para os convidados - assim como os noivos - usarem na festa. Neste caso, as escolhidas são as mais básicas.


Mas há um público que vai além e opta por deixar a marca do evento na sandália, que aí funciona também como objeto de lembrança de casamentos, aniversários, formaturas. Para atender a demanda, as empresárias optaram pela impressão digital, por meio da qual é possível fazer a estampa que o cliente pedir. Um par custa R$ 50 e acima de 100 pares R$ 20 a unidade.

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''Criamos a arte e a impressão é feita em uma máquina alemã. A qualidade fica muito boa, a tinta é atóxica, não causa alergia'', explica Cláudia. As pessoas também podem levar fotos para imprimir. Ela conta que tem gente que pede para estampar a sandália com a imagem do(a) namorado(a), dos filhos, do brasão do time do coração e por aí afora.


A sócia Meire destaca que também existe um outro público: quem viaja para o exterior e quer levar Havaianas para presentear ou até vender alguns pares, que lá fora chega a custar US$ 25 dólares. ''Isso, as mais básicas'', diz.

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Colecionadora tem mais de 300 pares


Tudo começou com um par comprado em 1996, logo que a empresa fabricante mudou o estilo das sandálias, tornando-a um produto fashion. Desde então, a maratonista Camila Rosa não parou mais de adquirir Havaianas e hoje tem 304 pares. ''Sou viciada'', diverte-se a colecionadora. ''Cada vez que sai uma nova coleção eu fico louca''.

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De todos os modelos lançados pelo fabricante, ela só não tem alguns que foram produzidos para eventos específicos, como uma edição do ''São Paulo Fashion Week''. Camila lembra que uma vez teve dificuldade para conseguir uma sandália que queria, entrou em contato com a empresa e acabou ficando amiga de um gerente.


''Ele me mandou alguns pares que não consegui comprar. Acabamos fazendo um acordo amigável: toda vez que eu subisse ao pódio usaria as Havaianas. Estou cumprindo o acordo, quem sabe um dia eles não me patrocinam'', diz, dando risada.

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As sandálias da coleção da maratonista ficam penduradas dentro do quarto, sempre à mostra. ''Dá um trabalho para limpar o pó'', conta ela, que tem também as Havaianas tatuadas na perna. Mas os objetos de desejo não são só para olhar.''Quando não estou de tênis, estou de Havaianas''. Camila não tem idéia do quanto já gastou com a coleção e diz que sempre está ligando para as lojas atrás das novidades.


O técnico de informática Henrique Zanelatto de Lima chama atenção por onde passa com um par de sandálias que traz a sua própria caricatura. ''Um amigo da época do colegial fez a caricatura e eu guardei. Fiquei sabendo da impressão digital, me interessei e acabei ganhando a sandália estampada de presente. Ficou bem engraçado'', conta.


Henrique costuma ir a churrascos e confraternizações de família com a sandália e já está ditando moda. ''A molecada percebeu e agora todo mundo está querendo fazer''.

A estudante Monique Molina Simões prefere as sandálias das novas coleções e as bordadas com pedrarias. Tem vários pares que usa para ir à escola, ao shopping. ''Tenho uma amarela, uma vermelha com strass, uma de oncinha, uma dourada'', diz ela, que saiu às compras recentemente atrás de um lançamento.


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