Criatividade, bom gosto e mão na massa. Essa é a receita para quem não abre mão de se vestir confortavelmente, mas não dispensa um toque pessoal.
Afinal de contas, quem já não vivenciou a experiência de abrir o guardarroupa e achar que nada está com a sua cara, ou então, andar quilômetros atrás de uma roupa especial e acabar se sentindo mal por não gostar de nenhuma?
Essa cena, tão comum apesar das opções existentes, acabou lançando uma nova maneira de se vestir: a versão ''feito por mim'' , afinal, quando o assunto é o visual, exclusividade sempre foi e continuará sendo uma qualidade a mais.
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Um bom exemplo disso é o guardarroupa da jornalista Maria Lívia Malzoni, de 29 anos. Ao garimpar o armário em busca de uma blusa para sair com as amigas, Lívia, encontrou a melhor opção no espaço onde ficam suas próprias criações.
''Vejo muita mesmice nas vitrines de lojas e dificilmente gosto de uma peça em especial. Como adoro inovar, resolvi criar meu próprio estilo'', justifica ela, que busca inspiração em filmes e revistas. ''Vejo combinações, tonalidades, e as ideias vão surgindo'', diz.
O material - que não é nada comparado ao arsenal usado por profissionais, pois se resume em algumas tintas, agulhas, linhas de diversas cores e, o mais importante, variedade em pedrarias e retalhos - é a principal ferramenta de Lívia, que compra camisetas prontas e as customiza com bordados.
''Aprendi a bordar com minha avó, e hoje encaro como uma terapia depois do trabalho. Sento em frente à televisão e vou criando. Além de ser mais barato e ficar até mais bonito, é algo que sinto prazer em fazer'', ressalta.
Inspiração no próprio estilo
Os cabides da designer de moda, especialista em moda e comunicação, Marina Ferraz, de 23 anos, também guardam algumas de suas criações, que mais parecem roupas de grandes marcas.
''Quando visto algumas peças minhas, as pessoas geralmente não acreditam. Algumas até dizem que gostariam de ter uma parecida, pois além de ser exclusivas nos tecidos e modelos, são muito confortáveis'', conta Marina, ao mostrar um vestido confeccionado exclusivamente para uma festa de formatura.
Ilimitada na criatividade, Marina afirma não ter planos em vender suas peças. ''Como trabalho em uma fábrica, já crio produtos comerciais. As que faço são para mim'', justifica.
Além de ser um negócio economicamente vantajoso, a estilista também acredita na construção do próprio estilo ao desenhar as peças. ''Procuro criar roupas que atendam as medidas do meu corpo. Na verdade, é como se, aos poucos, eu estivesse montando a minha própria marca'', diz.
Constantemente em contato com tendências e novos conceitos do mundo fashion, Marina conta que o quesito mais importante na hora de compor um visual é o conforto. ''Pensando assim, a peça sempre acaba ganhando um resultado original, como uma blusa de ginástica que criei com uma abertura no capuz para poder usar com o cabelo amarrado'', conta.
Tão bonito que virou negócio
Boa parte da renda mensal de Ellen Martins, de 24 anos, formada em moda pela Universidade Estadual de Londrina, vem das caixas guardadas no fundo do guardarroupa. Delas, surgem acessórios como brincos, colares, pulseiras e até chaveiros, confeccionados com ideias bem diferentes das que geralmente são comercializadas em lojas.
''Misturo muito material como metal, madeira, couro de peixe e strass. No tempo livre, fico passeando pelas lojas de armarinho e tecidos em busca de novidades'', conta.
No início, Ellen pensava só no próprio visual. ''Sempre gostei de brincos grandes e rebuscados, mas como são caros optei por fazê-los de acordo com meu estilo. Até que um dia, de tanto admirar minhas peças, algumas amigas me incentivaram comercializá-las'', revela.
As vantangens está tanto no preço quanto na exclusividade, pois Ellen garante que nunca faz duas peças iguais. ''Esse é o grande diferencial, sem contar que algumas peças levam milhares de detalhes e demoram até oito horas para ficarem prontas'', afirma.
Como toda boa artesã, Ellen se baseia na combinação de paciência, criatividade e paixão pelo trabalho artesanal, para dar formas a brincos, colares e pulseiras. ''Busco inspiração em tudo que vejo. Observo o que tem nas ruas, nas lojas e nas pessoas. Tudo pode virar uma grande ideia'', comenta ela, que incentiva qualquer pessoa a investir na autenticidade do próprio visual. ''É muito mais elegante, pois fica com a sua cara e o que é melhor: ninguém vai ter igual'', justifica.