Foi-se o tempo das peças encalhadas ou ligeiramente defeituosas. Em um mundo cada vez mais fashion (seja lá o que isso quer dizer), as feiras de ponta de estoque ganharam importância estratégica e status de evento.
No último fim de semana, cerca de 6 mil pessoas visitaram uma delas em plena Avenida Batel. Em sua 5 edição, a feira reuniu 60 estandes, que movimentaram aproxidamente R$ 300 mil em negócios. Entre os expositores, conhecidas marcas locais de todos os tipos de roupa - da moda bebê à masculina.
Eram basicamente lojas de rua, que até pouco tempo atrás não tinham como concorrer com as liquidações promovidas pelos shoppings. Agora, não só podem queimar seus estoques como também adiantar as próximas coleções - e, consequentemente, despertar desejos nos consumidores. ''As marcas também aproveitam o evento para 'fazer um nome' junto aos clientes'', explica Etel Lerner, uma das organizadoras.
Leia mais:
Bruna Marquezine usa look de R$ 70 mil no lançamento de série e divide opiniões
Meryl Streep usa roupa de marca brasileira na nova temporada de 'Only Murders in the Building'
Balenciaga renova contrato de estilista acusado de apologia à pedofilia; relembre polêmicas
Penitenciária feminina do Paraná é palco de desfile de moda com roupas feitas por custodiadas
Para a consultora de moda Andréa Oliveira, essa mudança no perfil das feiras se deve à profissionalização do setor e ao vai-e-vem das tendências. ''O cliente está mais globalizado e informado, o que torna a vida útil das coleções cada vez mais curta. As marcas, então, optam por lançar mini-coleções, que se esgotam muito rápido'', diz.
Mas isso não significa que as feiras de descontos sejam um paraíso de compras. ''Não dá para sair pegando qualquer coisa, senão o barato sai caro depois'', alerta Andréa.
Além de definir os cinco ''mandamentos'' da ponta de estoque (ver quadro ao lado), a consultora ajudou, a pedido da FOLHA, uma visitante que passeava pelos corredores do evento.
Nicolle Almeida, de 19 anos, tinha um objetivo específico: compor um guarda-roupas formal e versátil para usar em seu novo emprego, num banco. Logo de cara, recebeu algumas dicas básicas de Andréa.
''Como você é mais baixa, fica melhor com peças monocromáticas, que alongam suas formas'', explicou. ''A partir de uma camisa branca, você faz vários looks''. ''São os acessórios que realmente criam o diferencial'', ensinou a consultora.
E por aí foi, inclusive com pausas para comentar itens não muito adequados ao ambiente corporativo. ''Essa bota cowboy é linda, e não tem nada a ver com tendência. Você vai poder usar para sempre'', garantiu Andrea, lá pelas tantas.
Encerrado o tour, Nicolle aprovou a experiência (''não esperava que iria aprender tanto'') e os preços (''até que estão aceitáveis''). Já a consultora pediu licença para voltar a fazer o que mais gosta. ''Acho que vou aproveitar e comprar mais algumas coisinhas'', disse, despedindo-se da reportagem.
Os cinco mandamentos
A consultura de moda Andréa Oliveira ensina as regras básicas para comprar de forma inteligente nas feiras de descontos. Confira.
1 - Não compre por impulso
‘Se você não tem certeza de que realmente gostou da roupa, vai acabar deixando ela parada no armário. Peças muito marcantes, de cores chamativas, acabam sendo usadas apenas uma vez.’
2 - Escolha peças básicas, ‘ curingas’
‘Pense que você vai usar aquela roupa na próxima estação. Um bom jeans, por exemplo, dura bastante e é sempre uma opção interessante de compra.’
3 - Preste atenção no tamanho
‘No caso das feiras em que não há provadores, fique com peças mais fáceis de vestir, como camisetas, camisas e pijamas. Essa história de ‘vou comprar menor, depois eu emagreço’ não existe.’
4 - Procure o que já conhece
‘Em pontas de estoque muito grandes, priorize os expositores de marcas que você já conhece e gosta. É uma garantia de que o produto terá qualidade.’
5 - Olhe tudo!
‘É importante ter paciência e garimpar roupa por roupa. Também é interessante chegar à feira com alguma necessidade específica, para procurar apenas esse tipo de peça.’