Essa idéia de que o Partido dos Trabalhadores era apenas um mito que encerrava em si mesmo uma forma de mistificação que permite ocultar nossa condição de escravos alienados do poder já se delineava no horizonte a partir de leituras de Marx e de outros, no entanto, agora ela tomou corpo e forma com as palavras e o efeito marqueteiro da candidata à presidência Dilma Roussef, devidamente autorizado e "abençoado" pelo Presidente Lula.
Dilma se arroga ser a "mãe" da nação, um modelito antiquado copiado de Evita Perón. Nem ela mesma possui apreço por tal idéia. No momento em que afirma ser a nossa mãe, o corpo dela trai suas palavras, porque ela inclina levemente a cabeça e ri de sua própria fala, com certeza, sua sombra é bem mais honesta.
Por falar em atuar, os psicopatas agem assim: estudam uma dada personagem, incorporam-na e passam a interpretá-la para o povo que, intelectual ou não, passa a reafirmar a atuação.
O discurso interpretado pela Dilma Roussef de ser a mamãe do povo brasileiro é bem rico... Rico em metafísica. É um perfeito discurso teológico.
Justamente agora em que o mundo começa a acordar para o fato de que a política deve estar ancorada na ciência e não mais na religião, de modo a prevenir e erradicar a corrupção a partir de seduções metafísicas nos chega a Dilma Roussef, candidata do PT, apoiada pelo Presidente, através da "telinha" em seu manto sagrado se dizendo mãe amorosa e benfazeja.
Há mesmo alguém que, em sã consciência, se deixe seduzir por tanta bobagem? Não. São assim seduzidos os escravos alienados que hoje se situa, em sua maior parte, no Nordeste brasileiro e, infelizmente, dentro das universidades. São os cegos intelectuais que não querem ver que sua luta política foi assimilada pelo sistema capitalista selvagem que agora usa uma parte do pais como seu reduto garantido de partidários e votos. E pior, que foram comprados por miseráveis "bolsas" em detrimento do incentivo do desenvolvimento de suas potências.
Não tem como esconder o fato de que essa campanha nos remete à memória a estratégia de marketing do Belinatti. O Nordeste Brasileiro está para o Brasil assim como o Cinco Conjuntos está para a cidade de Londrina-Pr.
Antes de qualquer coisa, Marx jamais incentivou o assistencialismo e nunca acreditou em heróis, muito pelo contrario, teve todo um trabalho em desmistificar a figura do pai, da mãe e do herói. Ele acreditava em trabalho e na potência dos trabalhadores para destituir a opressão da classe dominante.
Hoje, a classe dominante é os ricos empresários que estão por detrás das campanhas políticas e que se utilizam da teologia, do batuque e das bundas para alienar seus escravos, ou seja, nós.
Os líderes políticos também são seus escravos, mas são escravos com privilégios. Vocês sabem quais. Sua consciência de serem também explorados foi e está obnubilada pelos "privilégios".
Em um dicionário encontra-se a definição de que o marxismo é a luta comunista que se resume à emancipação do proletariado por meio da liberação da classe operária, para que os trabalhadores da cidade e do campo, em aliança política, rompam na raiz a propriedade privada burguesa, transformando a base produtiva no sentido da socialização dos meios de produção, para a realização do trabalho livremente associado - o comunismo -, abolindo as classes sociais existentes e orientando a produção - sob controle social dos próprios produtores - de acordo com os interesses humanos-naturais.
A liberação da classe operária não se faz com assistencialismo à custa de outra classe social, que no nosso caso e a classe média . A liberação da qual Marx se refere implica em conscientização e aplicação da potência humana o que colocaria em risco a classe alta, constituída em sua grande maioria de banqueiros e empresários menores, que hoje assegura a manutenção do poder através de fantoches políticos que nos vendem a imagem de que ainda existe partido político no Brasil.
A política assistencialista como diz o nosso ditado sertanejo, "dá o peixe e não ensina a pescar". Por detrás dessa ação pretensamente caridosa existe a mensagem de que esse povo é carente inclusive de inteligência. Que é um povo ignorante e que está predisposto a ser dirigido e comprado por migalhas tal qual os índios desse mesmo solo pátrio, foram uma vez comprados por objetos sem valor, mas que na época, os seduziram. Depois dessa sedução através de migalhas, vieram os jesuítas para assimilarem suas almas, suas forças do espírito.
Será que a "mamãe" do Brasil não tem pensado nisso?
O Partido dos Trabalhadores foi assimilado pelo sistema e suas atuais alianças políticas é somente uma pequena amostra dessa assimilação, assim como o discurso da candidata à presidência da República é uma amostra da assimilação teológica.
Esse país e suas corrupções políticas e corruptíveis ideologias me lembram o texto de Guy Debord em "La Sociètè Du Spectacle" ou traduzindo, A Sociedade do Espetáculo, lembrando que em várias pesquisas tem sido constatado que os psicopatas estão na liderança desse tórrido e macabro espetáculo. Ele começa assim:
"Meu otimismo está baseado na certeza de que essa civilização está para se desmoronar. E meu pessimismo está em tudo o que se faz por nos arrastarem em sua queda".
Continua: "A servidão moderna é uma escravidão voluntária, consentida pela multidão de escravos que se arrastam pela face da terra".
"... eles mesmos escolhem a quem vão servir. Eles mesmos pagam pela jaula em que vivem. E para que isso fosse possível foi necessário tirar deles a consciência de sua exploração e alienação".
"... Eles ignoram a rebelião, que deveria ser a única e legítima reação dos explorados. Aceitam, sem discutir, a vida lamentável que se planejou para eles. A renúncia e a resignação são a fonte de sua desgraça levados pela dança macabra do sistema da alienação."
Por aqui, a opressão se modernizou usando o nome de Partido dos Trabalhadores, cujo assistencialismo e discurso "a la Evita Perón" são formas de mistificação que pretende ocultar a nossa real condição de escravos , exceto a classe dos grandes empresários.
Guy Debord aponta para o fato de que mostrar a realidade tal como é e não tal como apresenta o poder, constitui a subversão mais genuína. Ele afirma que "só a verdade é revolucionária".
Só é possível chegarmos próximo a descrição do real através de experimentos e análises científicos. A descrição da verdade através do sistema atual que ainda se baseia na estrutura teológica e primária produz guerras e dissidências intempestivas, carregadas de impulsos instintivos em detrimento da sensibilidade racional.
Daí as discussões histéricas e subjetivas por este ou aquele partido, perdendo o foco da realidade racional sensível que nos informa que por detrás desse espetáculo há apenas o narcisismo e a truculência egóica de mentes primitivas que não alcançam a visão das conseqüências dentro dos próximos cem anos. E que nem querem alcançar, se contentam com as misérias institucionalizadas na saúde, na educação, na sociedade e na política brasileiras.
A ganância pelo dinheiro imediato esconde a posterior conseqüência da perpetuação do estado de ignorância que este país está totalmente imerso.
Seria uma obrigação, um dever político, visualizar e aplicar estratégias que fossem modificar esse estado de miséria e de ignorância para daqui trezentos anos. No entanto, a soberba e a sede de poder é tão alienante que se contenta com a rica conta bancária imediata. Talvez pense que sua família estará assegurada financeiramente. Ledo engano, tudo se acaba. Inclusive as famílias. Em trezentos anos, nada restará.
A única coisa que se pode prever para daqui a trezentos anos, é que, de acordo com a política social de hoje, a nossa sociedade ainda estará totalmente mergulhada na atitude narcísica, corrupta e ignorante de agora, dando assim, continuidade às misérias, truculências religiosas e políticas, baixa intensidade de vida, corrupções, violências diversas e psicopatia. De modo que estará fracassado e a mercê de inteligências superiores de outras nações, como ocorre agora.
Ao invés de erigirmos templos de conhecimento capacitando-nos a afastar a corrupção e a primitividade mental desse país estamos sendo instados a erigirmos um templo para consagrar o PT, suas coligações e a "mamãe" Dilma Roussef no altar mor. O deus que está onipresente e jamais visto, é o corporativismo.
Acendam suas velas e raciocinem.