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Não é livre quem não obteve domínio sobre si mesmo.

09 out 2009 às 10:18

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NÃO É LIVRE QUEM NÃO OBTEVE DOMÍNIO SOBRE SI MESMO


Muitos dizem que a escola é a única instituição que não sofreu mudanças nas últimas décadas, que ela continua com os mesmos métodos de ensino de trinta anos atrás, que ela está fadada a morrer, juntamente com o jornal escrito e com as revistas editadas em papel, que, com a internet, onde todas as informações estão à disposição dos estudantes, não há mais necessidade da existência do professor tradicional, que se posiciona à frente dos estudantes e expõe a teoria de sua matéria a fim de que estes a memorizem.
Esses indivíduos estão certos quanto ao professor que não busca novos métodos de ensino e que dá a mesma aula há mais de vinte anos. Estão, porém, equivocados quanto à crença de que a escola tem de ser modificada na sua estrutura professor-aluno. A escola (a bem organizada) é um dos poucos redutos em que o jovem não tem liberdade para fazer o que bem entender no momento em que quiser. É um dos poucos lugares em que, além, de se ensinarem teorias científicas, ensina-se que na sociedade existem regras a seguir e que quem não as acatar tem de sofrer sanções. Ensina-se a arte de conviver com os demais, e é esse um dos principais objetivos da Educação.

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A Unesco defende a tese de que, para que ocorra de fato a aprendizagem, o educando tem de ser preparado para quatro ações, que a Unesco chama de "pilares da Educação": aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a conviver; aprender a ser.
Sem a escola bem organizada, dificilmente esses quatro pilares se desenvolvem adequadamente. Se não houver o professor (e os pais também) lhe cobrando o estudo, as tarefas, os trabalhos, o jovem não aprenderá a conhecer as diversas ciências. No máximo, aprenderá aquilo que lhe interessa, e isso lhe prejudicará o desenvolvimento da curiosidade, tão importante para a formação completa do indivíduo.
Se aprender a conhecer, terá mais facilidade em praticar a teoria, em aprender a fazer no dia a dia o que se aprende na escola (e na vida). O maior ensinamento que os adultos podem dar aos jovens quanto a esse aspecto é o da comunicação. É preciso ensiná-los a se comunicar para que consigam, no futuro, expor suas dúvidas, seus anseios, suas opiniões, enfim, aos demais.

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APRENDER A SER


Assim sendo, aprender-se-á a conviver melhor com as demais pessoas, pois quem sabe se comunicar mais adequadamente é mais ouvido do que quem sente dificuldades de expor seus pensamentos. Quanto mais souber comunicar-se e, consequentemente, conviver em harmonia com os outros, mais aprenderá a se conhecer, mais aprenderá a ser.
Não é livre quem não obteve domínio de si mesmo, disse Pitágoras. Ser livre significa aprender a fazer escolhas, mesmo que erradas. Ter domínio de si mesmo significa ter confiança em si, ter segurança quanto à sua capacidade de construir raciocínios lógicos, ter a certeza de que consegue superar as frustrações que se lhe apresentam em tantos momentos da vida. Aprender a fazer escolhas com confiança, com segurança, sabendo que, se forem erradas, conseguirá superar a frustração e tentar novamente com nova carga de confiança e de segurança. Isso se aprende por meio da convivência com os demais, sejam estes iguais, superiores ou inferiores, e a escola é o lugar mais adequado para isso acontecer.


LUTA PELA QUALIDADE HUMANA

Os pais, apreensivos com o futuro de seus filhos, não deveriam preocupar-se tanto com a formação técnica deles, e sim preocupar-se mais com a formação de valores, de virtudes, de atitudes, com a formação do cidadão íntegro, ético, solidário, afetivo. A luta tem de ser para uma escola de qualidade técnica, sim; mas a luta maior é com a qualidade humana, no sentido de se realizar plenamente a natureza humana.
O ideal seria que os pais conhecessem os professores de seus filhos quanto ao caráter deles, não somente quanto ao conhecimento técnico; quanto às crenças, não somente religiosas, mas sim de vida, de mundo; quanto ao interesse deles pelo desenvolvimento do ser humano, não meramente pelo aprendizado de sua matéria; quanto ao que eles querem mudar o mundo para melhor, não somente melhorar a sua própria vida. Seria ideal também que os pais agissem do mesmo modo.
Deveríamos pensar em melhorar o ser humano concernentemente à arte de conviver e de ser. Para isso temos de começar com nós mesmos, melhorando-nos a fim de demonstrar que é possível. Só é livre quem tem domínio de si mesmo. Busquemos o nosso domínio, então, para conseguirmos nossa libertação.


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