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Cê quer ponhar a salchicha no sanduíche agora?

18 ago 2010 às 10:44

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CÊ QUER PONHAR A SALCHICHA NO SANDUÍCHE AGORA?


Estranhou a frase, caro leitor? Pois saiba que, segundo o dicionário Aurélio, os vocábulos apresentados são todos existentes. Deixa claro, porém, que e ponhar são formas populares e que salchicha é forma assimilada de salsicha. Essa é uma prova de que não se devem considerar os dicionários infalíveis. Muitos são os brasileiros que não sabem exatamente qual a finalidade dos dicionários: eles servem para registrar os vocábulos usados no país, e não para indicar o que é adequado à língua padrão; não servem como gramática.
Esporadicamente pessoas que leem minha coluna Pegadinhas, que escrevo há mais de dez anos, no UOL, ou que acessam o meu site Gramática On-line enviam-me e-mails com o intuito de me corrigir, pois pesquisaram em um dicionário e constataram que o que informei é diferente do que lá está. Isso acontece porque trato em meus textos da gramática adequada ao padrão culto, e os dicionários registram o que a população usa. Um exemplo é o verbo assistir: O Aurélio o registra, na acepção de "acompanhar enfermo, moribundo ou parturiente para prestar-lhe conforto moral ou material", como transitivo indireto, ou seja, como verbo que exige preposição; no caso, a preposição "a": "Assistir ao doente". Já o dicionário Houaiss registra o mesmo verbo tanto como transitivo indireto quanto como direto, ou seja, registra-o com ou sem a preposição, facultativamente; diz, então, que é tão certo "Assistir ao doente" quanto "Assistir o doente". O cidadão comum pesquisa em apenas um dicionário e encara como verdade absoluta o que lá está registrado. Passa a ter, portanto, a informação colhida também como a única existente. É aí que ocorre o problema. É aí que os estudantes se confundem, pois, como eles mesmos dizem, "Um fala uma coisa; outro fala outra. Assim não dá!".

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DÚVIDA GRAMATICAL

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Quando a dúvida é ortográfica (quanto à escrita da palavra) ou semântica (quanto ao significado dela), o dicionário dá conta disso. Quando, porém, a dúvida é gramatical (quanto à estrutura da língua) o que se deve pesquisar é um livro de Gramática, ou um bom site (mas, cuidado, pois há muitos sites não confiáveis na internet). Se assim o fizesse, o jovem estudante teria mais facilidade para aprender nosso idioma, pois quem sempre lê bons textos, acostuma-se com o escrever corretamente e com a estrutura adequada da língua e passa a escrever melhor também. Principalmente os jornalistas deveriam aprimorar-se sempre, para ter textos impecáveis e elegantes e, assim, prestar bom serviço aos leitores. O que ocorre, porém, em muitos jornais e revistas são erros que inúmeras vezes levam à falsa interpretação da frase.
Outro problema jornalístico é o uso informal da língua, na tentativa de se aproximar do leitor e, assim, conquistá-lo. Entretanto, esse uso acarreta a degeneração da língua, pois o texto pobre se torna habitual. Para o cidadão comum se transforma no que é certo, afinal, quem fala MENAS não o faz sabendo estar errado; fala por pensar que é o certo.

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DA DO DO PROFESSOR


Há de haver, portanto, a consciência da importância do trabalho do jornalista e da do do professor. Por exemplo, a frase que acabei de escrever; acredito que você a tenha julgado no mínimo estranha: "da do do professor"? Como assim? O certo não seria "a consciência da importância do trabalho do jornalista e do professor"? Não. Trata-se de um caso de paralelismo sintático: citei a consciência DA importância DO trabalho DO jornalista e DA importância DO trabalho DO professor, sem repetir as palavras "importância" e "trabalho", substituindo-as pelos pronomes demonstrativos "a" e "o" e mantendo as preposições. OK! Exagerei no exemplo; não escreveria essa frase comumente, mas o fiz aqui para demonstrar o quanto simplificamos os textos com a intenção de torná-los mais inteligíveis e atingir mais leitores.


PREOCUPAÇÃO COM A CULTURA

O ideal seria que nós, adultos, nos preocupássemos com a cultura como nos preocupamos com o dinheiro que entra em nossa conta todos os meses. Deveríamos alimentar-nos culturalmente e incentivar as pessoas com as quais convivemos a fazer o mesmo, principalmente aqueles que têm crianças pequenas, em idade escolar. Incentivar não significa "cobrar", mas sim dar o exemplo. Quer que seu filho leia mais livros? Leia-os em abundância. Quer que ele estude mais? Seja um pesquisador e mostre-lhe que faz isso por prazer, não por obrigação.
O nosso legado deveria ser educativo, não somente de bens materiais. A nossa maior preocupação deveria ser o desenvolvimento cultural de nossos jovens, mas, de nada adianta somente matriculá-los em boas escolas; o ideal seria levá-los a melhorar sua visão de ‘ser cidadão’.


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