Se a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers não houvesse sido divulgada, tudo correria normalmente, como mais uma empresa falida. Sem propagação da corrente psicológica gerada por esse crash, não teria ocorrido crise nenhuma. Tudo não passaria de uma marolinha - expressão do presidente Lula - se o caso do banco ficasse no limite de seus entornos. Mas como houve muito destaque para o fato e como aconteceu no topo do mundo, deu no que deu.
Agora virou tsunami. Ficou como estouro de boiada. O banco roto foi apenas um boizinho que se desgarrou e deu uns pinotes, e os outros viram e pensaram que era um enxame de marimbondos. Mais outros começaram a correr, e a tropa inteira que não sabia do que estava acontecendo disparou junto.
Se perguntarem a uma empresa ou a um banco porque estão demitindo, dirão que não sabem ao certo, mas apenas que alguem começou a fazer isso, e aí eles tambem passaram a fazer. Quando a manada cansar de correr, parará pela sofreguidão.
Haveria crise justificada se um vendaval destruisse as casas de meio mundo, se uma seca prolongada dizimasse todas as plantações alimentares da Terra, se uma doença grave irrrompesse e causasse mortes aos milhões, e por aí em diante. Mas nada disso aconteceu. No começo foi só a marolinha. Mas aí alguem deu um berro, todos acordaram e sairam espavoridos, sem saber por que. Agora, sim, é real.
Terça-feira o presidente do mundo, Barack Obama, assumiu. E há no ar um clima de confiança. E o que é esta crise senão ausência de confiança? Se o grande chefe negro não vai resolver os problemas do mundo, ao menos há um sopro de esperança. E a esperança move montanhas. O dinheiro em moeda e o registrado nos depósitos e aplicações não foi extinto e a humanidade está viva e saudável. O que falta então senão confiança?
Se a crise foi gerada por uma onda maléfica, por que não acreditar no mesmo poder de uma onda benéfica? Mas os catastrofistas querem porque querem que o mundo role ribanceira abaixo. E se rolar, esses profetas do apocalipse dirão: ''Bem que nós avisamos''. Se nada disso acontecer, dirão da mesma forma: ''Foi graças à nossa advertência''.