Como tenho escrito, as religiões desempenharam - e por algum tempo ainda
desempenharão - a importante função de manter viva a crença dos fieis num ser
superior, ou boa parte da humanidade poderia ter se afundado na desesperança
ante as agruras do mundo.
Mas agora é chegado o tempo da transição da religiosidade para a
espiritualidade, ou seja, a ressurreição, que se traduz por despertar das
consciências.
Espiritualidade não é intelectualizar-se sobre coisas transcendentes mas cada um
entender-se como forma perfeita da Criação. A vivência temporária na
fisicalidade terrena não retira de nós esse atributo.
Espiritualidade é saber que temos dimensão universal, e - nesta nossa
existência atual - ter a compreensão de que devemos nos respeitar mutuamente
e assumir a consciência da igualdade entre todos e da reciprocidade.
Religiões têm se fundado na difusão do medo - e isto até certo ponto teve a sua
eficácia e a razão de ser - mas agora é chegado o tempo de um realinhamento
e de expansão do nível de entendimento; e sobretudo da elevação do senso
moral, que em sua plena dimensão agrega todas as virtudes.
Mesmo com equívocos e omissões as religiões têm servido como aprendizado
para os seus seguidores e como forma de preservar neles a crença nos mistérios
do transcendente. Mas agora começam a ser abertos os canais para dimensões
que vão além delas.
O ser espiritual está dentro de nós e devemos buscá-lo. Se houver consciente
livre em cada um, não há prejuízo em manter-se numa religião e extrair dela o
que tem de bom, mas existem estradas novas a percorrer, muitos atalhos e
trilhas desconhecidas que proporcionarão grande regozijo para a alma. E quando
chegamos a esse patamar não mais regredimos.
Buscar em outros campos o que se desconhece não é uma heresia face a
dogmas que temos seguido, mas a adição de luz sobre os pontos obscuros, e
eles são muitos.