Sempre que há eleição repito o escrito de que não teremos governantes melhores se o conjunto da sociedade também não se melhorar. Porque eles são substratos do meio social. Portanto, só se pode extrair desse meio o que ele possui.
Se não nos portamos plenamente honestos como cidadãos, não podemos encontrar nos cargos públicos alguém diferente. Porque os administradores públicos e os parlamentares refletem o exato modelo do tecido social.
A conduta deles é, portanto, idêntica ao nosso comportamento como pessoas, e se nos observarmos melhor, constataremos nossas virtudes e também nossas faltas. Estas se manifestam, em maior ou menor intensidade, por abusos em nossos negócios, negligências e desonestidades profissionais, algumas chantagens, exploração financeira, maledicências, mentirinhas regulares e assim por diante. Violência tão sórdida quanto todas as demais é, por exemplo, a praticada pelo sistema financeiro.
Então, se assim se comporta o círculo social, num universo de competição muitas vezes demolidora e de atitudes lesivas, assim será nos gabinetes governamentais.
Devemos então capitular? Não, e por isso não podemos abandonar nosso anseio de aperfeiçoamento moral, que apesar de tudo existe, embora acomodado na maioria das pessoas.
Os políticos, os empresários, os profissionais, os cidadãos em geral, são produtos do mesmo conjunto social, e aquilo que são reflete na representatividade parlamentar e nos postos do comando oficial. Nada mais sábio que o dito popular de que cada povo tem o governo que merece.
Não há garantia de que a família produza bons cidadãos, mas é certo que bons cidadãos formam uma boa família; também não é certeza que a escola gere homens formidáveis, mas homens formidáveis fazem uma boa escola; a igreja não produz pessoas excelentes e fraternas, mas bons cristãos é que forjam uma boa igreja. Governos não engendram patrícios exemplares, mas estes é que constroem um bom governo.
[email protected]