Os maias nunca disseram que em 2012 o mundo iria acabar, mas se pensamos que isso irá acontecer, é prudente, por via das dúvidas, abandonar a obcecada materialidade e nos sintonizarmos com as práticas solidárias e espirituais, e assim afastar o medo e a insegurança.
Como não temos certeza para onde iremos na passagem desta para outra, não sabemos se em nossa nova morada existem flores, então é bom contemplá-las agora, inclusive aquelas nunca notadas.
Não sabemos se iremos ver as estrelas, então temos de aproveitar o tempo e ver que elas existem e como piscam em flerte conosco.
Vamos contemplar o dia e ver que à noite o sol se vai, mas a lua chega para manter iluminados os nossos sonhos.
É oportuno respirar fundo o oxigênio e agradecer por haver mantido vivo nosso corpo físico.
Resta pouco tempo para cumprir promessas feitas, pedir perdão e perdoar, pois isso vem sendo adiado ou nunca foi pensado.
Agora já não faz diferença se não fomos ricos quanto o vizinho, então melhor é varrer da mente aquela inveja que tem nos corroído.
Faz-se urgente observar as cores de todas as coisas e assim descobrir que o mundo é cheio de belezas, até aqui não percebidas.
Aprisionados por muitas ambições e disputas, não temos nos alegrado pelo sucesso alheio, então será interessante experimentar que sabor tem essa alegria. Quem sabe no outro lado seja costume partilhar as coisas e os louvores!
Já que a soberba não terá nenhuma serventia neste mundo que vai acabar, urge dar um alô para aqueles que magoamos, e pedir-lhes desculpas.
Se temos remunerado mal nossos ajudantes, é hora de resgatar isso de alguma forma ou ao menos reconhecer como eles contribuíram para o nosso enriquecimento. E estes, que se lembrem de que o lugar onde trabalham tem lhe dado o sustento e a segurança.
Quem sabe, no lugar para onde iremos depois de extinto o mundo, seja hábito cultivar o amor, a camaradagem e a justiça, e como faremos se não soubermos exercer essas práticas?
Não sabemos em que condições iremos chegar lá, então vamos olhar bem para os nossos semelhantes, companheiros de milenares jornadas, e ver que somos belos e tão iguais, e que formamos uma grande fraternidade.
Vamos nos sintonizar com os atributos espirituais que temos mantido ocultos em nosso recôndito profundo, e assim veremos afastarem-se as sombras.
Abandonar a mesquinharia e ver que ela tem sido um entrave para nosso progresso moral e espiritual.
Se não temos administrado bem nossas tarefas ao longo da vida, vamos nos mirar naqueles que o fizeram com maestria e saber como o conseguiram. Porque no outro plano de existência que iremos habitar poderemos precisar dessa bagagem.
Acabado o mundo, a Suprema Providência – que nunca nos desampara – nos enviará para outra paragem universal e ela poderá ser pior que a nossa. Então, nestes poucos anos que nos sobram, precisamos aprender como restaurá-la. E se for melhor, não podemos chegar lá impregnados de impurezas, ou poderão nos barrar a entrada.
Já que nada há a perder, é tempo de fazer coisas mais ousadas (boas, naturalmente), ao menos para conhecer nosso potencial nunca testado.
E se, depois de tudo isso, o mundo não acabar, terá ficado tão lindo e bom que ninguém quererá que volte ao que era. [email protected]