Dia chegará em que haverá menos difusão de imagens de Jesus crucificado, que fazem lembrar o seu martírio, e no lugar delas prevalecerá a figura resplandecente do Mestre como o imaginamos hoje no plano celestial.
A tradição de propagá-lo na cruz não é a exaltação maior que se pode fazer de sua iluminada missão terrena. Ele não desejava gerar compadecimentos pela morte dolorosa mas falar de Deus aos homens e enaltecer o amor e a magnanimidade do Pai. Também não veio demonstrar poder por via dos milagres, tão citados por mentes humanas como pontos relevantes. O legado que ele nos deixou foi muito maior que esses fenômenos, aos quais Jesus mesmo atribuia pouca importância diante da magnitude de sua missão.
Mais relevante foi nos falar das coisas do Reino; nos ensinar, pelas palavras e pelo exemplo, a amar nossos semelhantes; a nos compadecermos dos sofredores; a perdoar os inimigos; a crer na misericórdia divina; a nos sabermos iguais na concepção de Deus; a crermos na filiação ao Pai; e a semearmos o amor, a bondade, a paz e a fraternidade.
As igrejas que se proclamam apostólicas e evangelizadoras preferiram mais falar sobre Jesus do que difundir e recomendar os seus ensinamentos.
Diz-se que Jesus venceu a morte, mas o fato é que a ressurreição e as reaparições foram fenômenos normais, e ele não os exaltou como sobrenaturais. Todos nós também ressurgiremos após o desenlace.
Como o corpo de Jesus desapareceu da tumba, creu-se que se elevou com o espírito. Mas também está escrito que a alquimia das hostes celestiais diluiu o corpo (a fim de poupa-lo da deterioração), pela técnica da progressão do tempo, ou seja, a ação de centenas de anos atuando em instantes sobre a matéria.
Certos eventos impressionam e comovem, bastando apenas observá-los; já os ensinamentos têm o poder de transformar, mas exigem que tomemos atitudes.