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_satori uso, a primeira abstração

13 jan 2007 às 11:00

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abaixo, o release que a kinoarte divulgou esta semana a respeito do lançamento do filme satori uso, que dirigi:

"O filme Satori Uso, de Rodrigo Grota, será lançado em março de 2007 em Londrina. Produzido pela Kinoarte [Instituto de Cinema e Vídeo de Londrina], com patrocínio da Prefeitura de Londrina via Promic [Programa Municipal de Incentivo à Cultura], o curta-metragem mostra a passagem do poeta japonês Satori Uso pela Londrina dos anos 50, sob a ótica do cineasta americano Jim Kleist.

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Estrelado por Rogério Ivano (Satori) e Caren Utino (Satine), o curta-metragem traz trechos de um filme inacabado de Kleist: Isolation, que teria sido rodado em Londrina em 1967, quando o cineasta americano esteve no Brasil. À época, Kleist integrava um grupo liderado pelo pintor americano Edward Hopper, que veio a São Paulo participar da Bienal Internacional de Artes. Kleist, aliás, se orgulhava de nunca ter completado um filme.

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./o cineasta

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Nascido em 7 de maio de 1941, em Nova York, (na mesma semana em que estreou Citizen Kane, de Orson Welles), Kleist se tornou íntimo dos principais nomes da beat generation, o que incluía Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William Burroughs. O cineasta acreditava que terminar um filme era "lhe dar uma forma fixa, deixá-lo sem vida. O encanto só está no que é incompleto, está em fluxo". Conhecido no cenário underground de Nova York por filmes inspirados em músicas de Miles Davis, Bill Evans, e em um quadro do amigo Hopper, Kleist se suicidara em 1992, deixando seu espólio a cargo da Imaginary Pictures.


Em conversas com a turma da beat generation, Kleist teria conhecido Satori Uso, e se fascinado por tal poesia. Satori acabara de chegar do Brasil, precisamente de Londrina, Paraná. Tendo lançado o livro de poesias Nihonbashi Doji, pela Tokyo Press, em 1950, o poeta decidira que nunca mais iria publicar seus textos. Ainda sob o efeito de sua separação de Satine, sua musa inspiradora, Satori queria apenas se isolar do mundo, "retornar a uma certa origem, a um estado natural em que todas as coisas estão incompletas e contínuas", diz Kleist em maio de 1980, em entrevista concedida ao programa semanal Beat Poetry, da Road Sounds, uma rádio de Nova York.

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./o poeta


Apesar de toda a verossimilhança, Satori Uso não existiu. Trata-se de uma criação do poeta londrinense Rodrigo Garcia Lopes. Em 1986, responsável por uma coluna literária em um jornal local, Garcia Lopes publicou uma notícia biográfica a respeito do Satori, mencionando sua passagem por Londrina, ao lado de alguns haikus do autor. Á época, até Paulo Leminski chegou a ligar para Garcia Lopes pedindo que o amigo o apresentasse a Satori.

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Em 2001, durante uma entrevista, Garcia Lopes apresentou a folha de jornal de 1986 a Rodrigo Grota, então repórter de um caderno cultural. No mesmo dia, Grota, que ainda não havia dirigido um filme, teve a idéia de realizar um documentário sobre este poeta que nunca existiu. Em 2005, com o projeto aprovado, Garcia Lopes e Grota produziram dois tratamentos do roteiro, que só ganhou sua versão final em janeiro de 2006, quando Grota criou o personagem de Jim Kleist.


./filmagens

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Rodado em Londrina e em Assaí entre 5 e 12 de março de 2006, Satori Uso teve um custo aproximado de R$ 100 mil. Trata-se da primeira produção da Kinoarte em 35mm (formato padrão das salas de cinema), ONG que já havia produzido os filmes Londrina em Três Movimentos, Inimigo Público n.1 e O Quinto Postulado, entre outros.


A equipe do filme é formada, em sua maior parte, por londrinenses, exceção para o diretor de fotografia Carlos Ebert (O Bandido da Luz Vermelha), a atriz Caren Utino, e o eletricista Cícero Barbosa, todos radicados em São Paulo. De Londrina, além do diretor Rodrigo Grota, estão na equipe Bruno Gehring e Guilherme Peraro (diretores de produção e assistentes de direção), José de Aguiar (direção de arte e voz em off de Jim Kleist), Anderson Craveiro (1º assistente de direção de fotografia), Caio Julio Cesaro (co-produção executiva), Guilherme Baracat (finalização e projeto gráfico), Luciana Gadotti (figurinos), Mariana Soares (assistente de direção), Danilo Miranda, Eduardo C. Neto, Meg Yamagute e Paulo Yamagute (assistentes de direção de fotografia), Lílian Manganaro (maquiagem), Leonardo Delai Lucas (assistente de direção de arte), Argel Medeiros (assistente de produção), Denize Cotrim (cabeleireira), e os atores Sérgio Leite e Mateus Moscheta. Além de diretor e co-roteirista, Grota também foi co-produtor executivo e editor do filme.

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Rodado em boa parte na fazenda das famílias Viscardi, em Londrina, Satori Uso contou com apoio cultural do Café Itamaraty, Cursos de Artes Visuais da Unopar, Kiberama Restaurante, Multiplex Catuaí, Sebo Capricho e Supermercados Viscardi.


./trilogia

Com o filme Satori Uso, Rodrigo Grota dá início a uma série de três curtas sobre a Londrina dos anos 50, série que ele considera "uma espécie de trilogia da abstração". O segundo filme, inspirado pela passagem do jazzman americano Booker Pittman pela cidade, será rodado na primeira semana de agosto deste ano, também com produção da Kinoarte e patrocínio da Prefeitura de Londrina. O terceiro filme será sobre um personagem que ainda não pode ser revelado. Segundo o diretor, os três filmes serão em preto-e-branco e irão dialogar entre si."


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