Em 2005, a Kinoarte [Instituto de Cinema e Vídeo de Londrina] promoveu, em parceria com a 7ª Mostra Londrina de Cinema, a realização de quatro cursos: oficinas de roteiro [Hilton Lacerda], produção de documentários [Kiko Goifman], fotografia [Carlos Ebert], além de um Seminário sobre o Cinema Contemporâneo [Luiz Carlos Oliveira Jr., crítico da revista Contracampo].
Neste ano, duas oficinas já estão agendadas: direção [Ruy Guerra] e direção de atores [Walter Lima Jr.]. A Oficina de Direção com o cineasta Ruy Guerra será realizada entre 6 e 10 de fevereiro, das 10h às 12h, e das 14h às 18h, com custo de R$ 150,00, na Escola Pró-Linguagem [Avenida Higienópolis, 174, sobreloja]. Pela manhã, serão exibidos cinco filmes de Ruy Guerra, que irá comentá-los à tarde. As inscrições podem ser feitas até o dia 2 de fevereiro de duas formas: no site da mostra ou na Secretaria de Cultura de Londrina, no Departamento de Ação Cultural, com Donizete, de segunda a sexta, das 12h às 17h.
Representantes da Kinoarte e da Mostra selecionarão os alunos a partir da análise das fichas preenchidas. A seleção dos inscritos será divulgada no dia 4. As Oficinas Kinoarte contam com patrocínio da Prefeitura de Londrina, Secretaria de Cultura de Londrina e Programa Municipal de Incentivo à Cultura [Promic], além do apoio cultural da escola Pró-Linguagem e do Cedro Hotel. Mais informações com Bruno Gehring [43 9993 0054].
Sobre Ruy Guerra
Ruy Guerra nasceu em Lourenço Marques, hoje Maputo, Moçambique, então colônia portuguesa, em 1931.Ainda adolescente, já publicava críticas de cinema, contos e crônicas e já fazia filmes em 8mm. Era ativista político, participando de movimentos anti-racistas e pró-independência antes de deixar seu país, aos 19 anos. De 1952 a 1954, estudou arte cinematográfica em Paris no IDHEC (Instituto de Altos Estudos Cinematográficos) e começou a trabalhar na França, como assistente de câmera e assistente de direção.
Melhor conhecido como diretor, Ruy Guerra também atua como montador, diretor de fotografia, produtor e ator (como em "Aguirre, a Cólera de Deus" de Werner Herzog, 1972). É praxe sua ser roteirista ou co-roteirista dos filmes que dirige. Mesmo tendo experimentado inúmeros estilos, seus filmes retratam de maneira esteticamente inovadora a opressão e a exploração sócio-econômica.
Tendo filmado em muitos países, é geralmente associado ao cinema brasileiro, como um dos pioneiros do Cinema Novo dos anos 60. Seu primeiro longa metragem, "Os Cafajestes" (1963), foi um dos poucos sucessos comerciais do Cinema Novo. Dois outros longas de sua autoria, "Os Fuzis" (1964) e "Os Deuses e os Mortos" (1970), são considerados marcos do cinema brasileiro. Em "A Queda" (co-dirigido com Nelson Xavier, 1977) retoma a vida dos personagens de "Os Fuzis", numa instigante experiência sobre a vida sofrida da classe operária do Rio de Janeiro.
No final dos anos 70, com a independência de Moçambique, retorna a sua terra natal para participar da criação do Instituto Nacional de Cinema moçambicano. Nos anos 80, abandona seu tratamento radical de temas políticos e faz três longas de grande beleza estética e apelo comercial: "Ópera do Malandro" (1985), uma divertida comédia musical, adaptada da obra de Chico Buarque, que não deixa de abordar assuntos econômicos e sociais sérios, como racismo e influências americanas no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial; a "Fábula da Bela Palomera" (1987), filme de época e história de amor baseado em obra do Prêmio Nobel Gabriél García Marquez; e "Kuarup" (1988), uma das maiores super-produções do cinema brasileiro, que traduz de modo eloqüente o romance de Antonio Callado.
Ruy Guerra não confina seu talento somente ao cinema. Dirige e escreve peças teatrais e colabora como letrista junto a grandes nomes da MPB. Entre 94 e 98 assinou uma crônica semanal no jornal O Estado de São Paulo e atualmente é diretor do Curso Superior de Cinema na Universidade Gama Filho, onde leciona sobre linguagem cinematográfica.