Recentemente, falava eu com um amigo, também ligado à tecnologia, sobre as soluções de ERP (Enterprise Resource Planning ou numa tradução livre: Sistema Integrado de Gestão). Nessa conversa, comentávamos sobre os elevados custos de implantação de softwares e o que motiva essa situação.
Os sistemas integrados, no início, tinham um custo elevado, normal ouvir cifras de milhões de dólares na instalação e customização dos sistemas. Isso se tornou comum, ERP significa gastar muito, a "qualidade" do sistema justifica seu custo, a empresa precisa dessa ferramenta, esse é o caminho... muitas idéias foram absorvidas como verdades absolutas sobre a implementação de sistemas integrados, quando a realidade é bastante diferente.
As primeiras empresas a adotarem o modelo ERP (mais que um software, uma tecnologia administrativa), eram grandes corporações, com unidades em diversos países, grandes plantas industriais e processos altamente complexos. Então, integrar os sistemas, significava um gigantesco empenho, pois, a idéia não é informatizar apenas uma unidade, mas todas, e isso acaba justificando os altíssimos custos envolvidos nesse processo.
Depois das gigantes, as outras empresas adotaram o conceito dos sistemas integrados, afinal, realmente são uma ferramenta muito útil. As estruturas então, eram menos complexas, menos unidades, com plantas menores. O ERP foi implementado de cima pra baixo, portanto, cada "etapa" da implementação da ferramenta, tinha um alvo cada vez menor.
Estranhamente, o custo não diminuía na mesma proporção. O ERP é o "negócio da vez" e um milhão de soluções e "solucioneiros" surgiram, afinal, todo mundo sabe que sistemas integrados custam muito dinheiro, então, se as empresas querem informatizar, estão dispostas a desembolsar quantias significativas. Foi assim durante um tempo.
As empresas logo perceberam que, o investimento estava alto demais. Peraí, investimento? No conceito administrativo, investir significa que se espera retorno real daquilo que foi gasto. Perguntas começaram a ser formuladas: Qual o real benefício desse sistema? Quanto tempo vai demorar para eu ter de volta o investimento? Porque a estrutura é tão cara? O quê, mil reais para formular um relatório que o sistema já deveria ter?
Os aventureiros começaram a cair – ainda bem – e os sistemas a partir desse ponto, precisam justificar seus custos, precisam mostrar vantagens reais, afinal, a informática é uma ferramenta, é um dos inúmeros recursos que a empresa utiliza para atingir seu objetivo: a satisfação do cliente.
O grande problema dos sistemas integrados, não está na complexidade do software, mas sim na inabilidade dos consultores e integradores, que muitas vezes, não sabem como fazer para adequar empresa e sistema. Informatizar não significa transformar processos em softwares, mas sim, um estudo completo do funcionamento da empresa, seus processos e sistemas, seus produtos e colaboradores, seus clientes e fornecedores. Um estudo administrativo completo, uma "fotografia" da empresa e uma reavaliação desse cenário.
Processos que não são adequados, do ponto de vista administrativo, não da informática, precisam ser adaptados, alterados, corrigidos. Somente depois disso, a empresa estará pronta para a informatização, pois, informatizar processos ruins é ainda pior do que não informatizar nada.
Infelizmente, muitos dos chamados "consultores de implantação" ainda estão naquele grupo de aproveitadores, que se valem de artifícios inadequados para manter sua presença na empresa. Em função disso, mesmo depois de altos investimentos, algumas empresas abandonam o processo de integração de sistemas e mudam de fornecedor. Uma atitude drástica, mas que demonstra perfeitamente a que ponto chega a insatisfação.
Um bom sistema ERP não precisa necessariamente ser caro, claro, existem custos, mas estes devem ser apresentados ao cliente de maneira transparente. Mais do que um vendedor, o integrador precisa ser parceiro da empresa, como ferramenta de auxílio, não como gerador de problemas.
Os conceitos de tecnologia mudam o tempo todo, e hoje, temos ferramentas muito completas e extremamente simples em sua operação. Mais importante ainda: com baixo custo. O mercado sempre se comportou assim e não seria diferente com os sistemas integrados. Boas soluções, não precisam ser dispendiosas, precisam ser realmente soluções.