A crise econômica mundial trouxe à tona, toda fragilidade da estrutura que sustenta nosso atual sistema sócio-econômico. Tão importante quanto resolver os problemas atuais agravados por essa situação, é compreender exatamente o que deve ser feito para que no futuro, o sistema seja capaz de sobreviver.
O capitalismo necessita da circulação de dinheiro para seu equilíbrio e sustentabilidade. Porém, o entendimento é diferente: acúmulo, excessiva concentração e redução significativa de sua disponibilidade no mercado. Não apenas pela classe empresarial, pois no caso específico do Brasil, temos a "parada" do dinheiro no poder público (sob forma de tributação), que deveria devolve-lo, cumprindo suas funções sociais (que hoje parece ter se tornado obrigação das empreas, com a chamada "responsabilidade social") e que no entanto, acaba servindo apenas para custear a dispendiosa conta que é paga com recursos públicos, e infelizmente não consegue produzir a movimentação necessária ao desenvolvimento.
Nosso sistema acaba funcionando de maneira contrária aos seus próprios conceitos, pois ao impedirmos o fluxo financeiro, toda estrutura fica comprometida, num processo de entropia, um efeito cascata negativo. Sem dinheiro para geração de demanda, a produção precisa ser interrompida, ocorre o fechamento de postos de trabalho, o que reduz ainda mais a disponibilidade, que exige nova redução da produção, que gera novas demissões...
O nosso sistema, exige uma re-organização na distribuição de renda, não no sentido de amparo social, mas com objetivo de um desenvolvimento econômico real, fazendo com que o dinheiro assuma verdadeiramente o sentido de "capital", como um catalisador da demanda e da produção. Durante os últimos anos, esse conceito foi tratado pelo governo como "favor" às classes menos favorecidas, o que está errado, pois acaba prejudicando muito mais o sistema.
Ajudar essas classes, mais que uma "obrigação social", deve ser encarada como um importante passo para evoluirmos o atual modelo, num formato onde seja possível seu equilíbrio. A forma de auxílio, não deve estar em "doação" mas na preparação/capacitação das pessoas, tornando-as capazes de ocupar postos no mercado, tornando-as produtivas. Distribuição de renda, deve ser entendida como distribuição de "capital", não dinheiro, mas algo que possa produzir riqueza, que traga ao sistema o dinamismo e o equilíbrio entre a demanda e a produção.
É fundamental que todos os participantes do sistema, tenham oportunidade de mostrarem-se produtivos e consequentemente condições de conquistar sua posição sócio-econômica. Além de ser muito mais digno torna o sistema muito mais saudável. Membros produtivos geram demanda, o que exige produção e faz com que o sistema caminhe então para um processo de crescimento real.
O dinheiro não existe para ser simplesmente acumulado, ele deve ser investido de forma que traga ao sistema mecanismos de produção e crescimento, o que num segundo momento, acaba gerando o tão desejado lucro. Guardar o dinheiro apenas, além de não trazer lucro algum, ainda trás efeitos nocivos ao processo do capitalismo.
Numa análise de livre interpretação, dá até pra dizer que o socialismo idealizado por Karl Marx em sua obra "O Capital", poderia trazer ao capitalismo um equilíbrio que nunca foi alcançado antes. Para a manutenção de nossa sociedade e continuidade do mundo como conhecemos, muitas atitudes precisam ser adotadas ou alteradas, principalmente com relação ao meio ambiente e no relacionamento social.
Claro, que um pouco de seriedade por parte do governo, não seria nem um pouco ruim.