Administração e Tecnologia

Brasil S/A: A (ir)relevância da educação

03 mai 2006 às 11:00

Muito tempo passou desde as escolas de Platão e Aristóteles, muita coisa evoluiu, muita coisa mudou e infelizmente parece a maioria mudou pra pior e que os objetivos se perderam em algum lugar do tempo, restritos às mãos de alguns poucos heróis, fantasiados de professores, lutando no que parece cada dia mais com uma guerra perdida. É no mínimo bizarros que, numa economia dinâmica, que busca profissionais melhores, mais preparados a todo instante, se viva um momento de tamanha desvalorização da educação.

Não apenas da educação formal, aquela da escola, onde aprendemos a interpretar os símbolos do mundo, nos comunicar, a escola da merenda, da tia brava, da tia boazinha, da hora do recreio, mas todo processo educacional está sendo barbaramente violentado, num sem fim de péssimos exemplos, valorizando tudo aquilo que não deveria ser: roubos, assassinatos, corrupção, guerra, humilhação. Vivemos na era de ouro da ignorância.


Não que as pessoas sejam (ou queiram ser) ignorantes, mas somos fechar os olhos e fingir que tudo esta certo, que as coisas estão melhorando, que o futuro será melhor. E essa ignorância, não apenas da falta de educação formal, mas principalmente da falta de educação moral, de princípios, e principalmente da falta de vergonha, da capacidade de fitar alguém nos olhos e mentir, dissimular descaradamente, de comemorar a vitória do erro, tão comuns nas CPIs e todas as outras bobagens que o congresso inventa para justificar seus 15 a 19 salários por ano. veja aqui


Como administrador, sei como poucos o valor de colaboradores capacitados, inteligentes e criativos. As corporações que tem destaque na atualidade, são formadas por pessoas com essas características. O mundo administrativo aprendeu e não deixa nunca de exaltar a importância da educação, a tempo, não penas a educação corporativa, mas a formação de indivíduos. Não valorizá-las, é como reduzir as pessoas ao status de máquinas, repetitivas e sem emoções, como imortalizado no filme "Tempos Modernos" de Charles Chaplin. O mundo corporativo entendeu bem o recado e as organizações se empenham na valorização das pessoas e de sua responsabilidade no contexto social.


Totalmente na contramão da história, o governo brasileiro tem uma longa trajetória de descaso e desvalorização da educação Com uma obsessiva preocupação com o ensino superior e nenhuma com o ensino fundamental. Ninguém começa uma obra pelo acabamento, é necessário realizar muita coisa antes, para garantir a solidez, com o objetivo que a obra sobreviva através dos anos, transmitindo sua mensagem ou realizando a tarefa para a qual foi originalmente projetada.


Acompanhando o noticiário dos últimos meses, me convenci que o governo está certo em sua posição. Uma sociedade pensante, cobraria explicações convincentes e realmente claras sobre os acontecimentos, os discursos políticos teriam que ser melhor elaborados, as empresas seriam fiscalizadas antes de deverem fortunas impagáveis ao governo, as metas de crescimentos seriam voltadas à garantir vida digna aos cidadãos e não para enfeitar relatórios do FMI, nossas estatais teriam como objetivo assegurar preços adequados ao povo. Mas se tudo isso acontecesse, provavelmente as urnas eletrônicas teriam uma tecla "ANULAR" ou "NÃO QUERO VOTAR EM NENHUM DESSES" e quase certamente, o direito ao voto não seria mais obrigatório.

Educação no seu sentido mais amplo e completo, aquele defendido pelos filósofos e a meta dos educadores é o que realmente faz uma nação ser grande. No Japão, onde todos se curvam perante o imperador, esse se curva diante do professor, não por uma questão de status, mas com certeza, até mesmo o poderoso foi aluno um dia e sua reverência é símbolo de gratidão pelo seu aprendizado.


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