O empresário Bill Gates, que ocupa o topo da da lista dos bilionários Forbes, criou vontade em muita gente, quando declarou que doaria cerca de 90% de toda sua fortuna. Na semana passada, o segundo no ranking, o investidor Warren Buffet, declarou que doará 85% de todo seu dinheiro. Essas atitudes refletem uma nova tendência, onde a ajuda dos muito ricos aos muito pobres se torna cada vez mais comum.
Mais do que um gesto bonito ou um ingresso para o céu, é uma jogada administrativa inteligente: Que adianta um mercado que não possui poder aquisitivo, que não tem dinheiro para movimentar a máquina capitalista?
A cada período, normalmente cinco anos, a administração trás um novo conjunto de siglas, termos e nomes de "tecnologias administrativas", algumas até sendo apresentadas como soluções mágicas para todos os problemas, mas infelizmente o que acontece na grande maioria das vezes é que tudo fica apenas como um modismo, ou simplesmente não sendo entendido e criando mais problemas do que os resolvendo.
Foi assim com a reengenharia, trazida na década de noventa, e apresentada por "gurus" da administração, de maneira irresponsável, a tecnologia se tornou sinônimo de demissão em massa, quando na verdade, se trata de revisão de sistemas e processos, re-estudo, reavaliação... A falta de entendimento dessas tecnologias transforma a administração numa piada. Claro que as mudanças são necessárias, essenciais, mas precisam ser totalmente compreendidas, para que seus objetivos sejam plenamente atingidos.
A bola da vez, ou o termo do momento, é a chamada RESPONSABILIDADE SOCIAL, apontada pela mídia como característica essencial das empresas, como verdadeiro crime daquelas que "não a possui", mas isso tudo é apresentado de uma forma superficial e leviana, dando margem a entendimentos dúbios quanto ao seu significado e criando avaliações que dificilmente refletem a realidade.
O Brasil é um dos campeões em carga tributária, pagamos imposto até para pagar imposto. Mês a mês, a arrecadação aumenta e novos recordes são estabelecidos. Mas para onde vai o dinheiro?
Para onde vai não sabemos, mas todos sabem "de cor e salteado" para onde deveriam ir, todos conhecem as prioridades de investimento que deveriam ser respeitadas, enfim, a teoria da aplicação dos recursos da arrecadação não é nenhuma novidade, assim como a maneira irresponsável que o governo trata de suas obrigações, pagas antecipadamente nos incontáveis tributos que somos obrigados a recolher todos os dias.
No intervalo entre o "deveria" e o "está sendo feito" pelo governo na aplicação/investimento de recursos, aparece a tão aclamada RESPONSABILIDADE SOCIAL, num apelo para que alguém assuma seu papel, numa transferência de atribuições, mascarada num apelo emocional e não justificável, numa inversão de valores, trazendo às empresas mais um, no interminável universo de problemas que já são obrigadas a conviver todos os dias.
A verdadeira responsabilidade das empresas está em pagar em dia os salários de seus colaboradores, seus compromissos com fornecedores e seus compromissos tributários. Muitas vezes, depois dessa maratona de pagamentos, sobra muito pouco ou até mesmo se mostra insuficiente o faturamento da empresa. E é justamente nesse cenário de margens de lucro pequenas, arrocho e apertos que ainda se quer transferir para as empresas aquelas atividades que são de responsabilidade do estado.
As grandes corporações tem em seu faturamento fôlego para participar em projetos de responsabilidade social, projetos tão importantes como as dezenas de escolas de tambor que são instaladas todos os dias em diversos locais no país, as importantíssimas escolas de circo, malabares, atores, capoeira e outras atividades tão fundamentais para a evolução do nosso mercado, essenciais para a formação de novos profissionais e desenvolvimento econômico. É essa a responsabilidade social aclamada pela mídia, o fator que diferencia as empresas socialmente responsáveis das outras. Mais absurdo que isso, só a aclamação dos projetos ambientais de uma empresa extrativista, que na verdade é uma OBRIGAÇÃO dessas companhias.
Claro que precisamos nos inserir no contexto de ajuda, mas que as empresas não sejam colocadas contra a parede para fazer isso, que seja realmente um diferencial e não mais uma obrigação.
Aos formadores de opinião resta uma responsabilidade verdadeira, a de esclarecer todos esses pontos distorcidos e equivocados, afinal, se todos cumprirem suas verdadeiras responsabilidades/obrigações, teremos uma sociedade muito melhor.