"Em última análise, todas as operações de negócios podem ser reduzidas a três palavras: pessoas, produtos e lucros. As pessoas estão em primeiro lugar. Se você não tiver uma boa equipe, não poderá fazer grande coisa com o resto."
A evolução tecnológica nos trouxe uma realidade totalmente diferente daquela de apenas 20 anos atrás. A internet e os avanços na área de comunicação – perfeitamente representada pelos telefones celulares – nos proporciona um universo de informação e comodidades advindas do imenso potencial que ainda está sendo desenvolvido e ampliado do universo da tecnologia.
Entretanto, existe uma armadilha que torna-se cada vez mais clara nesse novo cenário, percebido principalmente dentro das academias, que pode se tornar um problema muito sério e de solução complexa: O excesso de dependência tecnológica.
Numa aula, eu tentava explicar como calcular Lote econômico de produção e Lote econômico de compra e como o objetivo era entender o significado dos resultados obtidos, estávamos tendo aula teórica, com o exercício sendo desenvolvido no método tradicional, giz e quadro-negro. Um dos cálculos ficou complexo, não complexo de verdade, mas complexo para explicar, pois o pré-requisito necessário para seu entendimento não havia sido transmitido. Os alunos não sabiam como calcular e não conseguiam aplicar a matemática para solucionar a equação. Durante a tentativa de explicar e elucidar a fatídica fórmula, um aluno pergunta: "professor, o sistema não calcula isso? Porque temos que fazer essas contas?". Isso me incomodou, não pelo aluno, mas pelo descaso que a educação vem sofrendo e com a falsa expectativa de que conseguimos consertar o estrago na faculdade.
Para aquela situação específica, eu expliquei a importância de conhecer o significado real e todo processo, entender quais as dependências e como podem afetar o resultado. Orientei que a saúde da empresa depende desse entendimento. Mas infelizmente o resultado final foi que não tive sucesso ao insistir que devíamos realizar o cálculo sem o auxílio de ferramentas tecnológicas.
Esse "problema" tem reflexos profundos e de resolução complexa dentro das organizações, pois os processos tornam-se excessivamente automatizados e as verificações necessárias muitas vezes deixam de ser feitas não por falta de vontade, mas por falta de compreensão e entendimento do que o sistema nos transmite depois de processar os dados oriundos das atividades de dia-a-dia da empresa.
Situação ainda mais grave, quando falamos de integração de sistemas e atividades que devem ser "informatizadas". O não entendimento do conjunto de elementos corre o risco de criar sistemas que simplesmente trazem números e "mascaram" problemas administrativos pela forma que foram desenhados e ainda pior, se forem desenhados (os processos de integração e informatização) por profissionais que não compreendem a empresa. Os consultores técnicos precisam do apoio administrativo para poderem desenvolver as ferramentas. Infelizmente, os administradores não sabem explicar como deve ser o funcionamento da empresa. Na escola, deveria ser ensinado e enfatizado como um conjunto de parêntesis faz diferença numa fórmula e como isso pode impactar o resultado.
O computador é burro e simplesmente faz o que ordenamos a ele. Precisamos então exigir que o nível dos profissionais envolvidos esteja à altura do desafio, senão simplesmente aceleraremos os erros advindos de nossa falta de conhecimento e compreensão dos processos e todas as nuances tão importantes que estão sendo deixadas de lado.
Pense!