Não se debate mais se a tecnologia é importante. Ela simplesmente adentra as corporações e se consolida como importante, essencial, indispensável... Principalmente nos tempos atuais, onde cada vez maiores, os conjuntos de dados tornam impraticável a manipulação sem auxílio tecnológico.
Recentemente, estive num evento onde os palestrantes me surpreenderam, não apenas apresentando novas soluções e novos produtos, mas incentivando o público a conhecer todo potencial das ferramentas já disponíveis. Word, Excel e PowerPoint, tão populares, se mostram como ilustres desconhecidos. Possuidores de um sem-número de recursos não utilizados, o que não significa que não paguemos por eles ao adquirir o aplicativo.
Uma mudança significativa e essencial para que a linha da evolução tecnológica se aproxime cada vez mais da administração, afinal, para os administradores, a tecnologia deve ser mais uma ferramenta, um apoio na tomada de decisão e melhoria dos processos corporativos.
Da maneira que foi apresentada ao mercado, a tecnologia veio como um desafio, onde os envolvidos anseiam em dominar todas as ferramentas existentes, suas aplicações e acompanhar as inúmeras alterações que aparecem com as versões mais atuais. É como tentar comer uma melancia numa única mordida.
Essa visão equivocada, fez com que todos se importassem mais com a evolução tecnológica do que com suas aptidões, por exemplo, o que é mais importante a um administrador financeiro? Conhecer as nuances e as possibilidades do mercado econômico ou saber que o padrão SAS substituiu o SCSI?
Desde sempre, as empresas devem existir para seus clientes, numa busca constante de encantamento de seu público, que representa a verdadeira razão de ser de qualquer companhia. O lucro é o resultado de clientes satisfeitos e de uma administração competente.
Nessa linha de raciocínio, à TI cabe a importante tarefa de "decodificar" as aplicações, trazendo soluções inovadoras sim, mas sempre com o máximo aproveitamento das potencialidades de cada ferramenta, transformando em diferenciais estratégicos, construindo modelos para vida útil e custo/benefício de upgrades ou substituições.
Para um melhor entendimento, podemos traçar um paralelo em relação a outras ferramentas utilizadas pela empresa (prédios, máquinas, veículos), sobre os quais existem planos muito bem elaborados e entendidos quanto de sua utilização, amortização e até mesmo sucateamento. Esse entendimento ainda não está suficientemente claro no que diz respeito à tecnologia, talvez pela velocidade acelerada em sua evolução ou simplesmente porque ainda não existe uma função clara de quem é responsável por criar essas ferramentas.
A velha discussão sobre o Linux ser melhor que o Windows (ou vice versa), deve dar lugar a um planejamento adequado sobre como obter o máximo de benefício de qualquer uma das plataformas, afinal, a melhor escolha é aquela que está adequada ao momento, necessidades e orçamento. Mais ainda, a melhor escolha é aquela que os profissionais serão capazes de gerenciar e tornar produtiva e segura.
Seja qual for a escolha, deve-se ter muito claro qual o processo utilizado para a decisão, com prazos, valores e possibilidades envolvidas. Diferente do computador que temos em casa, mudanças na empresa são complexas e não podem ser feitas sem as devidas precauções.
O CIO assume então um papel de grande importância, não apenas como detentor de conhecimento sobre tecnologia, mas como peça estratégica no processo de inovação administrativa e desenvolvimento de diferenciais competitivos.
Inovar é uma questão de sobrevivência, mas a maneira de aplicar essa inovação faz toda diferença. Sub-utilizar (ou utilizar mal) uma boa ferramenta, é mais prejudicial do que tirar bons resultados de ferramentas que não são tão boas.