Numa conversa com um empresário, fiquei absolutamente estarrecido, ele não soube responder uma pergunta básica da administração de empresas: "qual o custo do seu produto?". Pensando nessa situação, conversei com outras pessoas, indagando o mesmo assunto e o que veio, foi no mínimo assustador: nenhuma ferramenta de controle, controles totalmente falhos, assessorias desastrosas, empresas endividadas, desperdícios...
O Brasil ainda apresenta um cenário, onde a grande maioria das novas empresas fecha, antes do primeiro ano. Por muito tempo, esse fracasso foi atribuído à falta de planejamento, mas não é verdade. O planejamento é apenas um dos diversos fatores que contribuem para o sucesso (ou não) das companhias, organização, direção, controle constante e retorno das informações ao sistema (era do conhecimento), podem ser citados como componentes fundamentais da vida da empresa – e do empresário.
Ainda existe uma enorme resistência à administração profissional, e ao profissional de administração, em parte, por causa dos aventureiros da década de 80 e dos profissionais "meia-boca" que pintam por aí. Mas o principal problema, é mesmo a resistência às mudanças. "Minha empresa sempre funcionou assim e vai continuar desse jeito", ainda que se demonstre o prejuízo que a empresa absorve o tempo todo e que essa situação pode se tornar falimentar. O empresário resiste, o orgulho nubla sua visão, o descaso e desmerecimento dos profissionais da área completam o cenário.
Não é de se admirar, que diversas empresas tenham enfrentado situações de falência nos últimos anos, não apenas pelas "maracutaias" que praticavam, mas principalmente pela inabilidade de seus gestores, pela falta de competência e controles adequados, pelo comodismo e principalmente, pela resistência às mudanças.
A administração prega que a atitude do profissional deve ser sempre "pró-ativa", antever os cenários possíveis e desenvolver planos de ação para adaptação e fortalecimento de uma postura competitiva. O comodismo faz com que as atitudes sejam sempre "reativas", resolvemos hoje, os problemas de ontem. Resolvemos hoje, os problemas que nunca deveriam ter existido.
Claro, a tecnologia é uma ferramenta poderosa na criação de soluções que trazem informação ágil, confiável e direcionada aos tomadores de decisão, mas não é absoluta e nem garante resultados positivos. A tecnologia é apenas mais uma ferramenta que serve às empresas, porém, o que realmente faz diferença nas corporações é a capacidade de olhar as informações obtidas e delas trazer alguma coisa realmente útil para a empresa, conseguir entender e aplicar, fazer com que a empresa seja mais ágil e competitiva.
A informatização por si só, não assegura nada, e na maioria das vezes, se torna mais um problema, pois, informatizar um processo ruim, é infinitamente pior do que não se informatizar nada. A empresa merece ser observada e acompanhada, seu conjunto de sistemas e processos, precisa funcionar perfeitamente sincronizado, porque, além dos sistemas que devemos e podemos controlar, existem aqueles que estão além do nosso alcance, governo, sindicatos, tempo... a própria evolução dos indivíduos, as pessoas que são hoje, diferentes do que foram ontem e do que serão amanhã.
Não é possível controlar esses fatores, mas é nossa obrigação estudar as informações disponíveis, com o objetivo de antever da melhor forma possível, como todos os fatores irão afetar a empresa e de que maneira podemos usá-los em nosso favor, em favor da empresa, do estabelecimento de planos que nos mantenham atuantes e modernos.
Mais que um modismo, a tecnologia é muito importante e muito útil, se utilizada da maneira correta. O que, porém, faz toda diferença dentro das empresas, são os profissionais que ali atuam e suas atitudes sim, determinam os rumos das corporações, seu sucesso ou fracasso.
Mudar é preciso, inevitável. Se o cenário é esse, façamos então mudanças adequadas, planejadas, estruturadas, controladas e com acompanhamento constante. O futuro está sempre em movimento, mas profissionais capazes, com ferramentas adequadas, podem ao menos, minimizar os impactos dessas mudanças nas empresas, em atitudes reativas – resolvendo hoje, os problemas de amanhã não devem existir.