Nem os maiores especialistas de arriscam a apontar "quando" ou "se" a crise terá um final feliz. A evolução do mercado, através da tecnologia, tornou possível uma radical redução nas distâncias entre países e aumentou significativamente os mercados, forçando as empresas e seus administradores a um constante processo de mudança e adaptação, consumidores, governo, agentes de fiscalização e todos os outros membros do mercado, se estabeleceram e aprenderam a atuar nos novos conceitos apresentados na atualidade. No entanto, ninguém imaginava que o sistema pudesse ser tão frágil.
O nosso modelo econômico é baseado na circulação do dinheiro. O sucesso do capitalismo pode ser medido pelo aumento na produção, como o Brasil gosta de fazer, muito mais importante, porém é o equilíbrio entre a produção e o consumo, aumento de produção e redução de consumo, apontam para problemas. Sei que é um pensamento bastante simplista, mas é assim que o sistema funciona, de maneira simples. A complicação começa quando especuladores atuam no mercado, tirando o dinheiro de circulação, criando uma situação frágil e de entendimento complicado, pois além das variáveis inerentes ao mercado consumidor, temos agora as infinitas variáveis e a sujeição ao "humor" do mercado financeiro.
O grande vilão sem dúvida, porque todo sistema se mexe e reage ao que acontece dentro do mundo das bolsas e instituições financeiras. A fragilidade ocorre, justamente porque essas instuições trazem pouco dinheiro de volta, e aquilo que retorna, volta muito caro, obrigando as empresas a "se virarem" para manter índices de produção e os altos padrões de qualidade exigidos pelos consumidores, a cada dia mais e mais exigentes. Tarefa ingrata.
O grande símbolo do capitalismo, os EUA, centralizaram e desenvolveram os modelos que formam as bases do funcionamento do mercado financeiro internacional, com uma economia poderosa, ditava regras e os caminhos a serem seguidos. O sucesso financeiro norte-americano, deve-se principalmente a sua atuação no pós segunda-guerra. Com uma Europa destruída, muito dinheiro foi obtido através da reconstrução do Velho Mundo. As guerras tem um significado muito importante nesse poderio financeiro.
Em todos os conflitos pós II Guerra Mundial, os norte-americanos incitaram os combates, sob o manto de "defensores da liberdade mundial". A indústria de armas é a primeira indústria norte-americana. A liberdade pregada por eles, que permite que qualquer cidadão ande armado demonstra a importância desse segmento, não apenas econômico, mas também como sentimento de orgulho e a sensação de poder que isso trás.
A Primeira Guerra do Golfo, consolidou a economia americana como a suprema no modelo estabelecido. Um período de crescimento significativo e substancial. Prosperidade. Mas nem tudo foram flores... Não conseguiram reconstruir o país que eles mesmos destruíram, os outros países, também querem sua parte no mar de dinheiro que transborda após as guerras. Bom, foi preciso reiniciar o conflito, no que eu, particularmente, considero o maior fracasso e o início de todo o problema que agora estamos vivendo, claro que esse reciocínio é simplista, mas faz sentido.
A derrocata da primeira indústria norte-americana, criou um efeito cascata sentido imediatamente pela sua segunda maior, a imobiliária e agora, vemos os efeitos na terceira, a automobilística. Esse conjunto de fatores, somados a um excessivo acúmulo de renda, retiram muito do dinheiro do mercado, reduzindo o consumo, reduzindo a necessidade de produção, que reduz a necessidade de mão-de-obra, que reduz o dinheiro disponível para o consumo, que reduz a necessidade de produção, que reduz... que reduz... que reduz...
Aos administradores, sobra a tarefa mais difícil de todas, porque quem toma as decisões são os governantes e sinceramente, começo a questionar sobre a competência deles em entender o mercado. A fórmula PRODUÇÃO versus CONSUMO é muito fácil de entender e de repente se torna tão complexa em sua aplicação, porque estamos sujeitos aos humores de quem nem sempre sabe o que está fazendo.