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Trajetória

Woody Allen completa 80 anos de humor

Agência Estado
01 dez 2015 às 10:41

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- Reprodução
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Allan Stewart Königsberg completa 80 anos nesta terça-feira, 1º de dezembro. E quem se importa com isso? Quem é Allan Königsberg? Você já já vai se importar, porque, com o pseudônimo de Woody Allen, ele tem sido uma referência de humor (e cinema) para o público de todo o mundo, há mais de meio século. A data será lembrada por um ciclo no Sesc Campo Limpo.

Nascido numa família judaica de Nova York, Allan começou muito cedo a escrever esquetes de humor para TV e peças curtas. Aos 15 anos, virou Woody Allen. Nos anos 1960, cansado de escrever para os outros, virou comediante de stand-up, escrevendo para si mesmo. Em vez de piadas, valorizava monólogos. Em 1964, concorreu ao Grammy na categoria disco de humor. No ano seguinte, estreou no cinema como ator e roteirista - O Que É Que Há, Gatinha?, de Clive Donner, colocou na tela as mudanças comportamentais que emanavam daquilo que, na época, se chamava de ‘Swinging London’. Peter O’Toole fazia o conquistador em crise e Peter Sellers era seu analista. As mulheres eram uma súmula do bom gosto em 1965 - Ursula Andress, Paula Prentiss, Capucine. Por pouco Norma Bengell não integrou o time. Os produtores alemães exigiram que o papel dela fosse para Romy Schneider.

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Dois anos mais tarde, Woody coescreveu e de novo atuou em uma paródia de James Bond. Na trama de Cassino Royale, o velho 007 (David Niven) aposenta-se e tenta passar o cargo para o sobrinho. Interpretado por Woody, ele não possui o physique du rôle. Suas aventuras se pulverizam em episódios de humor aos quais o batalhão de diretores (John Huston, Val Guest, Ken Hughes, Robert Parrish, etc.) não consegue transmitir unidade - mas dava para rir. Mais dois anos e Woody fez sua estreia como diretor com Um Assaltante Bem Trapalhão, contando, como num falso documentário, a história de um ladrão compulsivo. O ano era 1969 e há controvérsia quanto à ‘estreia’ porque, em 1966, Woody já adquirira os direitos de um thriller japonês, cujos diálogos reescreveu e dublou em inglês - What’s Up Tiger Lily?

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Esse clima de nonsense e o humor episódico prossegue por mais de uma década, durante a qual ele fez rir com filmes como Bananas e Tudo o Que Você Sempre Quis Saber Sobre Sexo. E, então, em 1977, algo se passa. Woody perfecciona tudo - humor, dramaturgia - e, mudando o tom, realiza um retrato de mulher que também é um retrato da intelectualidade nova-iorquina. Annie Hall, lançado no Brasil como Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, ganha os principais Oscars do ano - filme, diretor, atriz (Diane Keaton) e roteiro (Woody Allen e Marshall Brickman). O resto é história. Woody teve mais 15 indicações para o Oscar de roteiro - e ganhou mais duas estatuetas, em 1986, por Hannah e Suas Irmãs, e em 2012 por Meia-Noite em Paris.

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Muitos atores e atrizes foram indicados e até ganharam o Oscar por seus filmes. Cate Blanchett foi melhor atriz por Blue Jasmine, Dianne Wiest foi duas vezes melhor coadjuvante (Hannah e Suas Irmãs e Tiros na Broadway), Mira Sorvino também foi melhor coadjuvante por Poderosa Afrodite, Penelope Cruz por Vicky Cristina Barcelona e Michael Caine, melhor ator coadjuvante por Hannah. Woody Allen é um dos mais premiados diretores/autores do mundo, se não for o mais. Além de Oscars, ganhou Globos de Ouro, Baftas, César (o Oscar francês).


Recebeu prêmios honorários em Cannes, Berlim e Veneza. Vários de seus filmes podem ser chamados de obras-primas. Manhattan, o já citado Hannah, Zelig, A Rosa Púrpura do Cairo, Crimes e Pecados, etc. Cinéfilo de carteirinha, Woody nutriu-se da admiração por Ingmar Bergman, Fellini, Antonioni - e também dos clássicos literários, especialmente os grandes russos (Dostoievski, Tolstoi) para fazer seus filmes.

Casado com Mia Farrow, de 1980 e 1992, fez com ela seus maiores filmes. A separação foi traumática. Woody uniu-se à filha adotiva de Mia, Soon-Yi Previn, e a ex reagiu acusando-o de abusar da própria filha, Dylan, mas a acusação não foi referendada pelos especialistas de uma clínica designada pela Corte de NY. Woody segue filmando. Um filme por ano, todos os anos. Os últimos nem têm sido tão bons. Ele não se abala. O importante é o conjunto da obra. No total, são mais de 40 filmes e muitos livros. Crítico da ‘América’, Woody também sabe ser autocrítico. "As pessoas sempre se enganam em duas coisas sobre mim: pensam que sou um intelectual (porque uso óculos) e que sou um artista (porque meus filmes perdem dinheiro)."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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