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19ª edição

Festival de Tiradentes aposta em filmes que tratam de tensões sociais

Agência Brasil
22 jan 2016 às 20:05

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Cena de "Animal Político", de Tião - Reprodução
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O foco do cinema brasileiro nas tensões sociais será tema da 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes, cidade histórica mineira a 200 quilômetros de Belo Horizonte. O festival inaugura o calendário audiovisual no país com uma série de mostras gratuitas com o tema "Espaços em Conflito" e uma homenagem ao cineasta ítalo-brasileiro Andrea Tonacci, 72 anos, autor de importantes produções nacionais.

Até dia 30, a expectativa é reunir 30 mil pessoas para assistir a 117 filmes. Muitas películas estreiam no festival e terão sessões acompanhadas de debates com realizadores. Na abertura, às 21h de sexta (22), será feita uma montagem com cenas que percorrem os últimos 66 anos do cinema nacional e destacam a relação dos filmes com o contexto nacional.

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O tema deste ano lança luz sobre dilemas e questões sociais colocadas em evidência pelos filmes, ora gerando desconforto na plateia, ora discussões na sociedade. Entre eles, os longa-metragens Índios Zoró – Antes, Agora e Depois?, do cineasta baiano Luiz Paulino dos Santos, de 83 anos, Animal Político, do pernambucano Tião – que acaba de ser selecionado para o Festival de Roterdã, na Holanda –, além de Aracati, das cineastas Aline Portugal e Julia De Simone. Este retrata o Vale do Jaguaribe, no Ceará, observando a relação do homem com a paisagem.

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Entre os 82 curtas em exibição, os destaque são Enquadro, de Lincoln Péricles, em que a câmera percorre becos da periferia de São Paulo, mostrando a relação dos jovens com o lugar e com a polícia, e o curta Território, mais centrado nos conflitos psicológicos das personagens. Também está na seleção o filme USP 7%, dos repórteres da Agência Brasil Daniel Mello e Bruno Bocchini, sobre a ausência de estudantes negros em um das principais universidade do país.

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De acordo com a coordenadora geral da mostra, Raquel Hallak, os filmes brasileiros, desde as décadas de 1950 e 1960, tratam de conflitos socioeconômicos e espaciais na sociedade, como Rio, 40 Graus, de Nelson Pereira dos Santos. Nos últimos anos, a temática se diversificou e incluiu críticas aos hábitos da classe média.


"O sertão e a favela sempre estiveram na pauta do cinema brasileiro, que agora se amplia. A proposta [do festival] é justamente discutir o que mudou, o que permaneceu e fazer uma analogia com a própria história do país", acrescentou Raquel Hallak.

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Das nove mostras de Tiradentes, que ocuparão espaços públicos e abertos na cidade histórica, como Largo das Fôrras, Largo da Rodoviária e no Sesi-Tiradentes, duas são competitivas, a Aurora e a Transições. Os premiados serão escolhidos por um júri técnico.


Curador de Cannes

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Além da exibição de longas e curtas, o festival terá debates com participação de profissionais do audiovisual, críticos de cinema, intelectuais e pesquisadores sobre a cena contemporânea. Os especialistas também discutirão políticas públicas para o setor.


Uma das principais presenças é de Paolo Trotta, membro do Comitê de Seleção do Festival de Cannes, uma das competições internacionais mais prestigiadas, realizada na França.

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O evento também homenageará o cineasta Andrea Tonacci, que, em 2006, fez sua estreia na mostra de Tiradentes, com a exibição do documentário Serras da Desordem. Exibido no próprio festival há dez anos, a obra fala do massacre de madeireiros e fazendeiros contra a etnia Awá-Guajá na Amazônia. "Foi um filme com uma proposta estética e temática muito impactante", disse Raquel.


O público também terá a chance de ver Blábláblá (1986) e Bang Bang (1970), além de conversar com Tonacci, que participa de um debate sobre sua obra amanhã (23), no Cine Teatro Sesi.

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Infantil


Pensando em novos públicos, também foram selecionados filmes que podem ser assistidos em família. Na Mostrinha de Cinema, voltada para os mais novos, serão quatro longas e quatro curtas, com destaque para O que queremos para o mundo, de Igor Amin.

Para os adolescentes, a dica é o Últimas Conversas, última produção do documentarista Eduardo Coutinho, que entrevista jovens, e o premiado Tudo o que aprendemos juntos, de Sérgio Machado. A animação As aventuras do Avião Vermelho é de Frederico Pinto e José Maia.


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