Dados divulgados nesta quarta-feira (13) pela Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) apontam recorde de vendas de novos imóveis no ano passado. Mais de 163 mil unidades foram comercializadas de janeiro a dezembro de 2023, marcando o maior volume de vendas desde o início da série histórica, há dez anos.
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O levantamento foi feito em parceria com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) junto a 20 empresas associadas.
Em relação ao mesmo período do ano anterior houve crescimento de 32,6%. O presidente da Abrainc, Luiz França, diz que o bom desempenho foi impulsionado tanto pelo segmento de médio e alto Padrão quanto pelo Minha Casa, Minha Vida (MCMV), com novas regras e novo teto de valor.
A expectativa do setor, afirma França, é que a redução da Selic (taxa básica de juros) se mantenha, para que o crédito imobiliário fique mais acessível e as vendas sigam em alta. Outro ponto considerado pela Abrainc para um aumento nas vendas em 2024 é a alta de 17% nos preços dos aluguéis, medida pela Fipe.
França ressalta que, para que a estimativa do setor seja atingida, é preciso manter regras estáveis para o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), a principal fonte de recursos para o crédito imobiliário destinado à população de baixa renda.
Uma nova correção do saldo do fundo de garantia está em discussão no STF (Supremo Tribunal Federal) e deve ser definida ainda neste ano. A ação, de relatoria do ministro Luís Roberto Barroso, questiona se a fórmula de atualização monetária do FGTS, que utiliza a TR (Taxa Referencial) mais juros de 3% ao ano, deve ser substituída por um índice que reflita a inflação.
A preocupação do mercado imobiliário é que a correção mais alta encareça o crédito para baixa renda. Cálculos da Abrainc apontam que 13 milhões de família poderiam perder acesso à casa própria.
Já outra mudança no FGTS prevista para este mês de março é aguardada pelo setor. O governo deve destravar o uso do FGTS Futuro na compra da casa própria na próxima terça-feira (19). A medida libera o uso dos depósitos futuros dos empregadores no fundo do trabalhador para compor renda e ajudar a pagar as prestações do financiamento contratado pelo Minha Casa, Minha Vida.
A iniciativa passará por um período de teste, direcionado a famílias que compõem a faixa 1 do programa habitacional (com renda mensal de até R$ 2.640). Depois, o governo pretende avaliar a possibilidade de atender a todos os grupos, até o limite de renda familiar de R$ 8.000.
A expectativa do governo é que cerca de 60 mil famílias com renda de até dois salários mínimos sejam beneficiadas anualmente pela medida.
VENDAS POR SEGMENTO
Apesar de uma redução de 9,2% no valor total lançado, o segmento de médio e alto padrão teve alta de 14% no volume de unidades comercializadas e de 18,9% no valor de vendas. O estoque atual é de 17 meses, contra os 24 meses registrados no início de 2023.
França afirma que as incorporadoras adequaram seus planejamentos, diminuindo os lançamentos no ano passado para enfrentar um início de ano desafiador no contexto macroeconômico, com ajustes nos indicadores econômicos (inflação, PIB e Selic).
O Minha Casa, Minha Vida apresentou os maiores aumentos. Foi registrada alta de 42,2% no volume de unidades comercializadas e de 55,1% no valor total de vendas ao longo dos 12 meses. Segundo a Abrainc, o segmento também registrou um acréscimo significativo de 39,3% no valor de venda dos lançamentos. Para a entidade os dados refletem as medidas de ajuste para ampliar o acesso das famílias de menor renda ao programa federal.
O programa do governo federal subsidia compra de casa ou apartamento para famílias com renda de até R$ 8.000 mensais, com taxas de juros mais baixas que a do mercado.
A boa comercialização de imóveis pelo novo programa refletem a valorização de ações do setor na Bolsa de São Paulo e impulsiona a construção civil.
Em entrevista coletiva, o presidente da Abrainc afirma ainda que o setor espera maior possibilidade de automação na construção civil, principalmente para combater a crise de mão de obra.