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Os preços dos imóveis sobem com a inflação? Entenda

Michael Viriato - Folhapress
10 jan 2022 às 16:42

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- Alexandr Podvalny/Pexels
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Valorização dos preços dos imóveis fica abaixo da inflação na última década

Você provavelmente já ouviu que o preço dos imóveis sobe com a inflação. É de conhecimento comum que os imóveis são um tipo de investimento que protege contra a inflação. Mas a afirmação de que o preço dos imóveis sobe com a inflação é verdadeira? E os fundos imobiliários também teriam a mesma característica?

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A primeira tabela abaixo mostra o retorno anual dos preços de imóveis residenciais calculados pelo portal FipeZap.

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Observa-se pouca relação entre os retornos dos preços dos imóveis e o IPCA nos últimos 10 anos. De fato, a correlação entre os dois é de 0,17. Uma correlação alta seria se esse número estivesse mais próximo de 1.

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A variação de preços de residências nos últimos 10 anos ficou inclusive abaixo do IPCA.


Portanto, não é possível afirmar que os preços de imóveis são corrigidos pela inflação no curto prazo ou médio prazo, ou seja, em menos de 10 anos.

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No entanto, no longo prazo, ou seja, em mais de 10 anos, é esperado que os preços dos imóveis se valorizem pelo menos a variação da inflação.


Existem duas razões para isso. A primeira é que os materiais para construção de um imóvel novo e a mão de obra utilizada para a construção tendem a subir com a inflação. De fato, nos últimos 10 anos o Índice Nacional de Custos da Construção (INCC) subiu mais que o IPCA.

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Como estes itens necessários para a construção de uma casa nova sobem é esperado que em algum momento isto se reflita no preço do imóvel.


O segundo fator que sugere que os imóveis deveriam corrigir a inflação no longo prazo é o fato de o aluguel ser corrigido pelos índices de inflação.

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Assim, não se deve esperar que os imóveis de forma agregada corrijam a inflação no curto ou médio prazo, mas isso sem dúvida deve ocorrer no longo prazo.


De fato, quando incluímos mais anos na tabela acima, verificamos que o retorno acumulado dos preços dos imóveis recupera o atraso observado nos últimos 10 anos.

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Talvez você perceba que o imóvel que você adquiriu teve maior valorização. Analisamos acima a média de preços. Para a construção desta média, alguns imóveis tiveram forte valorização positiva, mas outros se desvalorizaram. Você pode ter tido a sorte de estar no lado positivo da média.


Os fundos imobiliários não seguem movimento diferente. Afinal eles são imóveis. No entanto, em sua maioria são imóveis comerciais.

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Cada tipo de imóvel segue uma dinâmica de preço distinta no curto e médio prazo.


Você pode fazer uma analogia dos diversos segmentos imobiliários aos setores de empresas negociadas na bolsa. Cada um dos setores, por exemplo varejo, educação, bancário e commodities, vai ter sua própria dinâmica. Um agregado destes setores é o índice Ibovespa.


Da mesma forma, quando se pensa em fundos imobiliários, há o IFIX que é o índice agregado dos fundos imobiliários, calculado pela B3, mas existem os diversos segmentos. Cada um deles pode ter variação de preço diferente no curto prazo e distinta também do segmento residencial.


Assim como explicado para os imóveis residenciais, no longo prazo, todos estes segmentos dos fundos imobiliários tendem a ter a mesma relação com a inflação.


A tabela abaixo mostra os retornos anuais e o acumulado do IFIX. Para comparar com o segmento residencial, incluí o retorno de aluguel líquido de taxas e IR que é de cerca de 0,3% ao mês.


Assim, nos últimos 10 anos, comprar imóveis residenciais, em média, foi pior que manter uma carteira diversificada de fundos imobiliários quando se considera o ganho de capital e retorno de aluguel.

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