Não é novidade que o mercado de imóveis está cada vez mais inovador. Fervilhando em tecnologias e ambientes interativos para morar bem, os espaços procuram aliar itens que possam agradar os momentos de descanso e diversão. Um exemplo disso são as varandas gourmets que oferecem um espaço alternativo do lado de fora dos apartamentos. O que o comprador talvez não saiba e nem é avisado na hora da compra, é que o uso e alteração do próprio espaço gourmet pode ter suas limitações. Isso porque o que era um atrativo pode se tornar uma dor de cabeça e causar problemas de convivência entre vizinhos.
Segundo o diretor de condomínios da administradora predial Itambé, Renê Vavassori, a empresa tem registrado poucos incidentes entre os vizinhos por causa da varanda gourmet, mas em compensação, têm surgido várias disputas em relação à descaracterização das sacadas por alguns moradores, principalmente na hora de envidraçar os espaços. Para amenizar discussões entre moradores, os condomínios estão impondo restrições para alterar o ambiente com liberdade.
"O condomínio, por meio de assembleia, estabelece um padrão estético único para todas as varandas. Mesmo assim, alguns moradores querem fazer mudanças que ferem as características da fachada do prédio. No entanto, certos proprietários não aceitam o fato e acham que têm o direito de decorar como quiserem", conta Vavassori.
Além das mudanças de estilo, os "salões de festa suspensos" também incomodam pelo barulho. Em entrevista ao Estado de São Paulo, a gerente de relacionamento com o cliente da administradora Lello Condomínios, Márcia Romão, diz que as varandas gourmets ainda são novidade, por isso a administradora ainda está se adaptando às novas demandas trazidas pelo espaço. "O problema é a algazarra, pois os moradores trazem os eventos para dentro de casa. Como ficam nas sacadas, e muitas ainda não estão envidraçadas, o ruído atrapalha mais", afirma.
Quanto a este caso, Márcia declarou que ainda não houve nenhum caso de brigas judiciais, mas afirma já ter enviado várias advertências em relação ao barulho causado por celebrações realizadas até tarde.
No condomínio Poema Granja Julieta, na zona sul de São Paulo, 368 apartamentos são equipados com varandas gourmets distribuídas em quatro torres. Cabe ao síndico Haroldo da Silva administrar as reclamações e demandas do pessoal. Ele, que convive diariamente com a descaracterização e excessos das comemorações, diz que já precisou emitir dez notificações e multar quatro apartamentos por modificações não autorizadas. "As pessoas são muito criativas e querem trocar luminárias, cores, e pendurar objetos. É quando precisamos intervir", diz o síndico. Sobre a barulheira das festas ele declara que os condôminos são bem conscientes e, por isso, não há muita comoção. "Às vezes, as pessoas passam do horário estipulado, mas não acontece com frequência. Quem tem a varanda sabe que ela é feita para festividades", conclui.
Com informações do Estadão