Embora a beleza das plantas seja uma unanimidade, algumas espécies ornamentais podem oferecer riscos às crianças pequenas e animais de estimação, se ingeridas ou tocadas. Os problemas à saúde podem variar de irritações na pele, vômitos até falta de ar, aceleração cardíaca e distúrbios com mais gravidade.
A paisagista, especialista em jardinagem orgânica e Feng Shui, Marizeth Estrela, explica que as substâncias tóxicas presentes em algumas espécies são defesas naturais das plantas contra predadores. "Embora o animal faça uso de seu instinto na hora de selecionar o que comer, pode ingerir pedaços de plantas que não lhe façam bem. Se sobreviver, dificilmente voltará a comê-la."
A melhor alternativa para evitar incidentes com plantas é optar por espécies atóxicas dentro de casa ou no jardim, quando houver crianças e animais de estimação entre os moradores. "Adubos como a torta da mamona não devem ser usados. A preferência deve ser por substratos orgânicos livres de toxidade", alerta Marizeth. É natural que os animais fucem a terra e as crianças, pela curiosidade aguçada ou pela fase de levar tudo à boca, acabem ingerindo terra, daí a importância da prevenção.
"Em um projeto de paisagismo é preciso considerar o perfil dos moradores e avaliar se plantas que atraem insetos como pulgões, abelhas e marimbondos, por exemplo, ou as que possuem espinhos grandes ou folhas pontiagudas devem ser opções ornamentais", afirma Marizeth. "Se a opção for o faça você mesmo, os adultos devem adotar esses cuidados para que o ambiente, além de agradável, seja seguro aos pequeninos e aos pets", adverte a paisagista.
Marizeth diz que, geralmente, a intoxicação por plantas (folhas, frutos e sementes) acontece por desconhecimento do potencial tóxico da espécie. "Não sabemos o quanto algumas espécies podem ser perigosas, caso partes da planta sejam ingeridas ou entrem em contato com os olhos ou com as mucosas." A paisagista sugere como uma solução preventiva para o uso de espécies tóxicas a identificação com placas informando sobre os riscos. "Além de nomear as plantas com o nome científico e popular, o ideal seria identificar as partes tóxicas e a sintomatologia em caso de contato ou ingestão, facilitando assim seu reconhecimento", afirma.
Segundo a especialista, algumas espécies que podem oferecer riscos, como a mamona (Ricinus communis), azaleias (Rhododendron simsii), copos-de-leite (Zantedeschia aethiopica), alamandas (Allamanda cathartica), o bico-de-papagaio (Poinsettia ou Euphorbia pulcerrima), a comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia amoena), são facilmente encontradas em vasos, jardins, parques, praças e outras áreas verdes, por isso, o cuidado de pais e donos de pets deve ser redobrado, não restrito ao convívio dentro de casa.
O acesso a espécies tóxicas deve ser limitado e, desde cedo, as crianças devem ser orientadas a não colocar plantas na boca. "Os espinhos, os insetos e a própria toxidade da planta são fatores para dar equilíbrio à natureza e manter o ciclo de vida e morte, o que deve ser visto com naturalidade", enfatiza Marizeth. Como os limites que os pais dão aos filhos, por amá-los, a natureza impõe os dela, para que sejam respeitados.
No caso de incidentes com plantas, pela ingestão de pedaços ou sementes, é preciso atendimento médico imediato. Levar parte da planta ingerida para que os médicos possam identificá-la pode ajudar no tratamento adequado.
Cuidado com o nível de toxidade
Cuidado com os espinhos
Folhas pontiagudas
Atração de insetos
Dar preferência para as atóxicas
Em geral, as plantas frutíferas tipo laranjinha kinkan, limão siciliano, jabuticaba (Myrciaria cauliflora); plantas que formam hortas e ervas como lavanda (Lavandula dentata), alecrim (Rosmarinus officianalis), hortelã (Mentha), calêndula (Calendula officinalis), alisso (Lobularia marítima). Outras variedades comuns são as comumente usadas em jardins sensoriais (feito para deficientes visuais) e jardins terapêuticos (infantis ou para adultos).