Entre os 20 ambientes apresentados na Mostra de Paisagismo e Jardinagem Minha Casa e Meu Jardim, destacamos hoje o "Jardim Holandês", das arquitetas Peitra de Wit, Andréa Arrivabene Napoleone (de Holambra), com a colaboração do arquiteto Edoardo Aranha (de Campinas).
A Mostra faz parte da edição 2008 da Expoflora, a maior exposição de flores e plantas ornamentais da América Latina, que começou nesta quinta-feira (28) e segue até 21 de setembro.
Maior qualidade de vida, bem estar e preservação do meio ambiente são os focos centrais da Mostra de Minha Casa e Meu Jardim, conceituada como grande vitrine para o segmento de paisagismo e jardinagem do evento.
Jardim Holandês - Bar, Café e Parque
Proposta- Para abrir a exposição, as arquitetas criaram um jardim holandês, nos moldes do Keukenhof, o parque das flores situado em Lisse, perto de Amsterdã, na Holanda. Keukenhof, que significa Parque da Cozinha e foi construído em uma área, que no século XV, era formada por bosques e dunas e servia como zona de caça dos habitantes do Castelo Teyligen, (as ruínas podem ser admiradas ainda hoje). De 1401 a 1436, o local foi de propriedade da Condessa Jacoba da Baviera. Ela costumava colher ervas aromáticas para a cozinha do castelo, o que originou o seu nome. O parque foi criado em 1830 pelo o arquiteto e paisagista alemão J. D. Zocher e inspirado nas paisagens inglesas. Desde 1949, produtores e exportadores de flores de bulbos realizam ali uma grande exposição de flores ao ar livre e são considerados os verdadeiros mantenedores de Keukenhof.
A homenagem brasileira ao Keukenhof traz uma ponte típica e réplicas dos moinhos de água (achtkant watermolen), cuja função, na Holanda, é a drenagem de campos alagadiços. Encontrados na região norte da Holanda, hoje existem cerca de 1.000 exemplares desses moinhos que podem ser visitados, alguns ainda em funcionamento. O moinho recém inaugurado em Holambra - SP é desse mesmo estilo, porém foi feito sobre uma base de alvenaria. Além da função de drenar as terras holandesas, os moinhos serviam de meio de comunicação, por meio do posicionamento das pás.
Tal qual na Holanda, a versão verde e amarela apresenta os maciços de flores, só que com espécies cultivadas no Brasil, já adaptadas ao clima tropical. A majestosa construção do café/bar, que abrigará o Restaurante Poffertjes, tem como grande diferencial a estrutura, toda de bambu, e as paredes de terra, materiais considerados ecologicamente corretos. Ao unir a taipa de pilão com elementos modernos, como o vidro e os metais, as arquitetas mantiveram a sofisticação, mostrando que a técnica aparentemente rudimentar aceita qualquer tipo de projeto.
Construção sustentável
Os destaques da construção são para os tijolos ecológicos, para a parede de terra e o pórtico em bambu (Andrew Martins) e para as telhas Gravicolor (Saint Gobain Brasilit), que não acumulam poeira nem fungos. Outro diferencial dessas telhas está no fato de elas proporcionarem conforto térmico e acústico porque refletem alta porcentagem de calor e não absorverem umidade. Por permitem uma maior inclinação do telhado, as telhas permitem construções no estilo europeu.
O bambu é um dos materiais de construção mais ecológicos que existem, por ser altamente renovável, leve, forte e flexível, imprimindo à obra beleza, qualidade e sustentabilidade. Já as construções com terra, encontradas na maioria da arquitetura colonial brasileira e trazidas pelos portugueses e africanos, aparecem atualmente como um socorro à degradação do meio ambiente, pois em sua concepção não se gasta tanta energia nem recursos naturais. Para cada milheiro de tijolo cerâmico, por exemplo, é necessária a derrubada e queima de 12 árvores de médio porte, contribuindo para o desmatamento e para a poluição. Levando em consideração a condição do ecossistema, a construção com terra ameniza fatores dessa natureza.
As vantagens da construção com terra incluem, ainda, o seu comportamento como equilibrador térmico em todas as estações climáticas e como isolamento tanto acústico como para radiações eletromagnéticas, além de não promover a propagação do fogo, oferecer resistência à compressão centrada e ao impacto. Sem contar a economia financeira que chega a representar entre 20 e 30% no custo total da obra.
Flores e plantas ornamentais utilizadas
O jardim é formado por beaucarneas, lavanda, zamioculcas e tuias; maracujazeiro ornamental, estrela do cerrado; ixórias, lírios; alocasia polly; azaléia de vaso; cróton petra, aspargus meyerii; spathiphyllum; crisântemos e kalanchoes, além de alguns lançamentos, como as dracenas sanderianas trabalhadas; os hibiscos rosas sinensis e os impatiens.
A LaskaViva, lascas de madeira colorida para forração, funciona como uma camada orgânica para a proteção do solo contra a erosão e a compactação causadas pelas intempéries, principalmente, pelas chuvas pesadas. Esse tipo de forração conserva mais de 70% da umidade do solo, reduzindo a necessidade de freqüente irrigação e previne o crescimento de ervas daninhas por ser um material processado. As lascas aumentam a qualidade orgânica do solo, pois se trata de pigmento à base de óxido de ferro, material encontrado também no solo, e são fontes de nutrientes para as plantas, gerando um ambiente ideal para minhocas e outros organismos benéficos. Quando aplicadas em caminhos ou áreas de lazer, mantêm o local livre de poeira e barro mesmo durante as chuvas.