Quem tem criança em casa sabe: segurança deve estar sempre em primeiro lugar. Em tempo de quarentena, quando a casa recebe, ao mesmo tempo, as funções de lar, escola e espaço de lazer, muitos pais ampliam a sua preocupação com adaptações que devem ser feitas para receber os pequenos em tempo integral – e sem nenhuma dor de cabeça.
Janelas, quinas e tomadas são os grandes – e muito conhecidos – vilões das casas com crianças... mas existem muitos outros. A arquiteta Karina Korn, do escritório Karina Korn Arquitetura e os designers de interiores Henrique Freneda, do Freneda Interiores, e Mariana Rodrigues, do Arbore Design de Interiores, relacionam um check list para você acompanhar de perto.
Cuidados gerais
De forma geral, imóvel com criança demanda cuidados específicos em todas as faixas etárias, mas com uma dedicação redobrada para os filhos que começam a engatinhar e aqueles que estão com idade entre 2 e 3 anos.
Com o perigo de acidentes, os responsáveis devem evitar, proteger móveis pontiagudos e, se possível, resguardar peças de vidro, presentes em tampos de mesa e portas. "Ao comprar, o ideal é que os pais busquem por móveis por cantos arrendados. Mas, nesse momento, se houver como zelar ou tirar do caminho, gosto de dizer para meus clientes que se trata de uma medida protetiva muito valiosa”, explica a Mariana Rodrigues, da Arbore Design de Interiores.
O mercado dispõe de protetores de quinas que colaboram para atenuar essas questões. A designer de interiores igualmente salienta que vidros em uma altura de até 60 cm devem ser motivo alerta.
Janelas e sacadas devem ser fechadas com telas. Para as versões basculantes, a dica é utilizar uma correntinha para limitar a abertura. "De toda forma, é importante deixar móveis longe do guarda-corpo, pois as crianças podem subir e se debruçar nas sacadas”, relembra Mariana Rodrigues.
Tomadas também pedem atenção dos pais, que por sua vez devem tampar todas as saídas que estejam no alcance das crianças usando protetores próprios para isso.
Pensando em fios, é hora de encapá-los com fita isolante e organizar aquele emaranhado que deixamos passar no dia a dia. "Fios próximos ao chão é um perigo. Além da possibilidade de pegá-los e levar à boca, tropeços são recorrentes”, adiciona Mariana.
Salas à prova de criança
Mesas de centro e laterais também devem sair de cena para a livre circulação na sala de estar. "Como a área social da residência, a sala acaba se tornando um espaço de brincadeiras. Assim, quanto mais desimpedida melhor”, lembra Henrique Freneda, que vive situação semelhante com as duas filhas.
Passadeiras e tapetes pequenos não devem ser usados, pois os pequenos podem escorregar. Mas está errado pensar que as peças não são bem-vindas. Pelo contrário! Os modelos grandes, principalmente que ficam presos embaixo do sofá, são indicados e perfeitos para os pequenos brincarem e evitar o contato com piso frio, por exemplo. "Todavia, a manutenção diária com aspirador é importante para escapar de outras contrariedades de saúde como rinites”, reforça o designer de interiores Henrique Freneda.
Para a decoração, evite objetos pequenos, ou com pecinhas soltas que podem acabar na boca das crianças. Itens quebráveis e frágeis, como vidro e cristal não devem estar no acesso, pois podem se romperem com facilidade e provocar sérios acidentes.
No caso da sala de jantar, evite usar toalhas longas, pois as crianças podem puxar e arrastar o que estiver em cima.
Quartos dos pequenos
O cantinho do descanso também inspira cuidados devido à fragilidade dos primeiros meses e anos de vida – desde a composição dos móveis, até os objetos pueris. Um dos itens que inspira precaução é o móbile instalado no berço. "Gosto de indicar que a mamãe escolha aqueles produzidos em tecido antialérgico, para evitar problemas respiratórios. Também é valioso que não seja pesado, pois como se trata de uma peça suspensa, se puxado pode provocar acidentes”, diz Karina Korn.
A arquiteta também indica um olhar aguçado para as prateleiras do dormitório, que não devem apresentar brinquedos ou outros objetos pesados, assim como as gavetas das cômodas e guarda-roupas. "Com a baixa estatura, é possível que ao puxarem, eles deixem cair”, completa Karina.
A arquiteta ainda relaciona o item ventilação para a circulação de ar benéfica para a saúde. Pensando na janela, em hipótese alguma a cama pode se tornar um ‘trampolim’ de acesso para alcançá-la. "Se for possível mexer no layout, a cama deve estar encostada na parede, proporcionando ainda mais espaço para as brincadeiras”, enumera.
Cozinha e lavanderia protegidas
Os armários que ficam ao alcance das crianças também devem ser revisados, principalmente na cozinha e na área de serviço. Produtos de limpeza devem ser reposicionados no alto e longe do alcance das pequenas mãozinhas. Na cozinha, facas também precisam ser guardadas em locais mais alto, assim como potes e travessas quebráveis.
Forno e fogão também destacam outro alerta máximo. Ao cozinhar ou assar, a porta da cozinha, se possível, deve estar fechada ou protegida por meio de grade retráteis que são encaixadas no vão da porta – uma medida eficaz para os menores de 3 anos.
Para quem ainda estiver projetando a cozinha, prefira fogões cooktop e instale o forno no alto de uma torre de eletrodomésticos. "Quando a comida estiver no fogo, não esqueça de colocar os cabos das panelas para dentro do fogão”, lembra Karina.
Banheiro
Apesar dos poucos elementos, o banheiro pode oferecer muitos riscos. A bacia sanitária é o primeiro item que merece cuidado, já que as crianças costumam subir – um risco iminente de queda. Além disso, manter a tampa sempre fechada inibe que os pequenos mexam na parte interna e se afoguem. "Infelizmente a situação pode acontecer com um volume de 2,5cm de água”, revela Karina.
Remédios, vitaminas e antissépticos devem ficar fora do alcance das crianças pois oferecem o risco de intoxicação. Guarde utensílios afiados, como tesouras, alicates e lâminas de barbear fechados em um lugar seguro.