Embora não seja apoiado por Jair Bolsonaro (PL) nestas eleições, Pablo Marçal (PRTB) é o candidato que arrecadou o maior valor entre pessoas físicas que também doaram para a campanha do ex-presidente em 2022: R$ 744 mil.
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O montante é mais de 18 vezes maior do que os R$ 40 mil angariados por Ricardo Nunes (MDB), candidato oficial de Bolsonaro na disputa à Prefeitura de São Paulo, que tem vice de chapa escolhido pelo próprio ex-presidente -o coronel Ricardo Mello (PL).
Nunes ficou em 102º lugar entre os candidatos no país que receberam as maiores quantias de financiadores de Bolsonaro. O apoio partidário do PL em sua campanha foi muito mais expressivo: R$ 15 milhões transferidos por meio do Fundo Eleitoral.
Já o principal herdeiro dos doadores do presidente Lula (PT) é Guilherme Boulos (PSOL), com R$ 350 mil arrecadados. Tendo Marta Suplicy (PT) como vice na chapa, Boulos também contou com a intervenção direta de Lula para conseguir repasse partidário de R$ 30 milhões do PT.
A composição das receitas de campanha de Lula e Bolsonaro em 2022 teve origem muito diferente. Enquanto 93% dos recursos de Lula vieram do partido e só 2% de doações de pessoas físicas, Bolsonaro foi campeão de doações privadas, que somaram quase R$ 90 milhões, 70% de sua arrecadação total.
O financiamento empresarial aos candidatos está proibido desde 2015, mas empresários continuam influenciando o pleito por meio de volumosas doações como pessoa física. A lei eleitoral limita as doações a o valor máximo equivalente a 10% da renda bruta anual declarada à Receita Federal.
Entre os oito empresários que doaram mais de R$ 1 milhão cada para Bolsonaro em 2022, cinco fizeram doações nas eleições municipais deste ano. José Salim Mattar Junior, um dos fundadores da Localiza, doou R$ 1,8 milhão para Bolsonaro. Agora, fez aporte de R$ 50 mil para o candidato a vereador no Rio de Janeiro Alexandre Freitas (PL).
Já Luciano Hang, da Havan, que doou R$ 1 milhão para Bolsonaro, pulverizou a doação de R$ 158 mil deste ano para cinco candidatos a vereador em Brusque (SC) e um em Palmas (TO): Deivis Junior (União), André Rezini (PP), Jean Pirola (PP), Cleiton Bittelbrunn (Republicanos), Alessandro Simas (União) e Calos Amastha (PSB).
Entre os oito maiores doadores de Lula, quatro também fizeram doações para candidatos nestas eleições. A escritora Beatriz Sawaya Botelho Bracher, filha de Fernão Bracher, fundador do banco BBA, doou R$ 150 mil para Lula. Agora, doou a mesma quantia para Tabata Amaral (PSB) e outros R$ 480 mil divididos entre a direção estadual do PT, direção municipal da Rede e os candidatos Nabil Bonduki (PT) e Wesley Teixeira (PSB).
Ao todo, financiadores de Bolsonaro doaram nestas eleições R$ 21,9 milhões a mais de 7 mil candidatos. Do outro lado, os de Lula repassaram R$ 1,3 milhão a apenas 36 candidatos.
Em segundo lugar no ranking de maiores doações bolsonaristas está o candidato a prefeito de Cuiabá (MT) Eduardo Botelho (União), que arrecadou R$ 515 mil. Ele também não é apoiado pelo ex-presidente na cidade.
O apadrinhado de Bolsonaro em Cuiabá, Abilio Brunini (PL) -que já protagonizou uma discussão com o ministro Fernando Haddad sobre negacionismo no Congresso-, recebeu apenas R$ 7 mil dos doadores do ex-presidente.
Na segunda posição entre os financiadores de Lula está Tabata Amaral (PSB), que levou R$ 200 mil em doações. Ela é do mesmo partido do vice-presidente Geraldo Alckmin, que já apareceu em vídeos de campanha e participou de agendas ao lado da candidata.
O levantamento feito pela Folha considera os dados de prestação de contas apresentados pelos candidatos ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até terça-feira (24). Os valores ainda podem sofrer atualizações. Doações para a própria campanha e financiamentos coletivos foram desconsiderados.