Um dia depois de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter dito aos aliados que deveriam isolar o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos (PSB), o PTB e o PT começaram a desembarcar do governo do Estado. Na tarde desta sexta-feira, 11, o senador Armando Monteiro Neto (PTB), presidente do diretório estadual do partido, que pode ter o apoio petista numa eventual pré-candidatura a governador, visitou Campos e comunicou ao governo de Pernambuco a entrega oficial dos cargos. Depois do encontro com o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Monteiro Neto visitou também o prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), para comunicar a decisão de retirada.
Nem a legenda nem o governo do Estado nem a prefeitura da capital pernambucana informaram quantos cargos a sigla detém no funcionalismo público. Na máquina estadual, o PTB controla a Secretaria de Trabalho, Qualificação e Empreendedorismo, além do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Na prefeitura, a agremiação ocupa a Secretaria de Saneamento.
Depois que Campos assumiu um discurso mais contundente em relação ao governo Dilma Rousseff, o clima é outro entre os antigos aliados. Nesta semana que passou, petistas e petebistas engrossaram críticas de tucanos em relação à ação dos governistas. Antes, apenas o PSDB criticava o governador de Pernambuco e presidente nacional socialista. A debandada do PT é esperada para a próxima semana, mas já teve início nesta sexta-feira.
O advogado Bruno Ribeiro, um dos quatro candidatos a presidente do PT no Estado, ligado ao deputado federal João Paulo (PT) e ao senador Humberto Costa (PT), antecipou-se e anunciou pedido de exoneração, em caráter irrevogável, do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social no governo do PSB. Ribeiro disse que tomou a decisão em função da "coerência das posições que vem defendendo no Partido dos Trabalhadores".
Ele destaca dois pontos. Em um deles, disse que as iniciativas do PSB têm priorizado a interação com as principais forças antipetistas locais e nacionais. Nesta quinta-feira, 10, na TV, Campos disse que o PT já tinha dado o que tinha que dar. "O outro é a defesa de um debate com a sociedade para a construção de novas políticas públicas e práticas mais democráticas do que as que vêm predominando em Pernambuco, as quais desestimulam as alianças, a independência das demais instâncias dos poderes públicos locais e, especialmente, que se ouça às reivindicações das ruas."
O desembarque dos aliados aconteceu no mesmo dia em que Campos anunciou a extinção de 969 cargos comissionados que eram ocupados por indicações políticas, com o objetivo de economia anual de R$ 25 milhões para os cofres públicos. Campos não fez alusão ou associação direta com o descolamento dos antigos aliados. "Blindamos esses cargos para uso exclusivo do servidor público", declarou. Campos também evitou comentar a orientação de Lula para isolar o socialista, depois da aliança com a ex-senadora Marina Silva (PSB-AC), no sábado, 5.
Nas últimas semanas, o PTB já vinha fazendo críticas ao PSB no Estado. O rompimento do PTB com o PSB, assim, já era esperado. O PTB de Monteiro Neto apenas aderiu a Campos no segundo turno das eleições de 2006, depois que o PT foi abatido pela queda das intenções de voto em Costa, acusado de participação em uma operação vampiros, da Polícia Federal (PF). Com a vitória de Campos sobre o democrata Mendonça Filho, o PTB ingressou na Frente Popular, comandada pelo PSB.