O deputado federal André Janones (Avante-MG) fez referência ao ataque sofrido pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump neste sábado (13) com a expressão "fakeada" (facada fake).
A fala remete a teorias conspiratórias, não comprovadas e espalhadas por parte da esquerda, de que o atentado de 2018 contra o então candidato Jair Bolsonaro teria sido uma armação. "É a 'Fakeada' fazendo escola", escreveu Janones em rede social.
O presidente Lula (PT), por sua vez, assim como seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), repudiaram o ataque a Trump.
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Já entre os bolsonaristas, o episódio dos EUA está sendo usado para reavivar a facada em 2018 e reforçar discurso crítico à esquerda.
Um comício com Trump foi interrompido neste sábado após sons de tiros. No momento em que os barulhos foram ouvidos, Trump levou a mão à orelha direita e, em seguida, abaixou-se, assim como vários apoiadores que apareciam no fundo da transmissão. Ao se levantar, ele tinha um pouco de sangue na orelha, bochecha e mãos.
O político republicano, que irá disputar a eleição à Presidência dos Estados Unidos em novembro, foi retirado do local. Após o ocorrido, que está sendo investigado como uma tentativa de homicídio, a campanha do republicano disse que ele estava bem e passando por exames.
Um participante do comício foi morto e outros dois estão feridos em estado grave, segundo o Serviço Secreto dos EUA. O atirador suspeito foi morto pelo órgão.
Em suas redes sociais neste sábado, Janones fez uma série de posts ironizando o episódio e fazendo indicação de que o ataque a Trump teria sido uma armação. Retomando um dos pontos das teorias conspiratórias de 2018, sem apresentar nenhuma prova, o deputado diz que desta vez, pelo menos não teriam esquecido de "providenciar 'sangue'".
Janones acrescentou o grupo político seria "capaz de qualquer coisa pra ressuscitar o nazismo".
Assim, como Lula e Alckmin, outros políticos do campo da esquerda que se manifestaram sobre Trump neste sábado repudiaram o episódio, como é o caso do ministro da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta (PT).
Quanto à facada contra Bolsonaro, entretanto, petistas, como é o caso do próprio Lula, já levantaram dúvidas quanto ao atentado contra Bolsonaro. Pimenta chegou, inclusive, a usar o termo "fakeada" em postagens --em entrevista à Folha de S. Paulo em 2023, após a posse, ele relativizou a polêmica e disse que não questiona o ataque.
Apesar das teorias das conspiração de que a facada teria sido uma fraude ou teria envolvido algum tipo de armação, nada disso aparece nos relatórios da Polícia Federal. Os agentes ouviram centenas de testemunhas, inclusive médicos que operaram Bolsonaro, e dizem que um conluio de tamanho alcance teria deixado rastros.
Filhos do ex-presidente Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por sua vez, estão fazendo paralelo entre o ataque contra Trump e o atentado sofrido pelo pai.
"Impossível não relembrar da facada em @jairbolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018 feita por um ex-membro do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade). Falarão em atentado à democracia? ", postou Eduardo.
Em resposta a um post de um dos filhos de Trump, ele escreveu, em inglês: "Confiem em mim: ele [Trump] já está eleito. Nós temos experiência com uma situação como essa. Nós conhecemos o inimigo --e você também".
"Líderes de direita são vítimas de atentados contra suas vidas, por motivos políticos. Alem do discurso de ódio, a esquerda pratica o ódio. Fato! Assim como @jairbolsonaro no Brasil, tentam matar @realDonaldTrump porque ele já está eleito! Se Deus quiser, ambos ainda vão a colaborar muito com seus países!", escreveu Flávio.
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) também foi uma das que comparou o ataque de Trump à facada: "É assim que querem deter a direita? Em 2018 tentaram matar Jair Bolsonaro e agora querem fazer o mesmo com o candidato Trump nos Estados Unidos? Que loucura! Que Deus proteja o presidente Trump e sua família!", escreveu.
Acadêmicos que pesquisam a direita, entrevistados pela Folha à época em que o ataque completou cinco anos, apontavam a facada como elemento importante da estética bolsonarista, ao emplacar a vitimização --como prenunciou uma foto do candidato na cama do hospital ao receber os primeiros socorros quando estava entre a vida e a morte-- e forjar a imagem de mártir.
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