Membros do CMDPI (Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa) também reagiram à decisão do prefeito Tiago Amaral (PSD) de levar a Secretaria do Idoso para o guarda-chuva da futura Secretaria de Família e Desenvolvimento Social, que ainda agregará as pastas de Políticas para as Mulheres e de Assistência Social.
Dados do Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que Londrina possui mais de 100 mil habitantes com mais de 60 anos - cerca de 17% dos 577.318 moradores estimados para 2024.
A servidora municipal Luciana Ferreira Alvarez, representante do CMDPI , ressalta que o município desenvolveu uma série de políticas públicas para essa população nos últimos anos, inclusive com um fundo específico para projetos voltados aos idosos.
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“É inegável o crescimento, a criação de serviços novos, a implementação dos já existentes e a melhoria da rede de serviços. Isso é decorrente de termos uma pasta exclusiva para tratar da política do idoso”, afirma Alvarez, que classifica como “preocupante” a fusão da Secretaria. “Eu acredito que, primeiramente, seria interessante que se conhecesse as pastas, a realidade de cada uma, os serviços que existem, para tomar essa decisão, se ela for mantida, com melhor entendimento.”
Londrina foi pioneira no desenvolvimento de políticas públicas para a população idosa, tendo criado a primeira pasta com esse objetivo no Brasil, cujas atividades iniciaram em 2000. À época, o município possuía cerca de 40 mil idosos.
Na avaliação da servidora, a pasta de Assistência Social tem “grande representatividade”, mas a política do idoso não se resume à área de assistência social.
“Enquanto nós temos uma pasta específica, temos uma liberdade na proposição e criação de serviços. Ela é muito mais flexível”, ressaltando que o CMDPI é um órgão de controle social e precisa ser consultado. O órgão terá uma reunião na semana que vem para discutir o assunto. “É importante ouvir o nosso conceito em relação a isso, o quanto isso também vai impactar no Conselho. Nós temos uma pasta específica que dá todo o suporte para o CMDPI.”
Alvarez ainda pontua que o envelhecimento da população londrinense é uma realidade. “É importante que se pense que, talvez, não seja o momento [de acabar com a pasta], muito pelo contrário. Eu entendo que deve haver uma intenção positiva [na proposta do Executivo], mas que precisa ser trabalhada com mais cautela.”
FAMÍLIA, SOCIEDADE E ESTADO
Dácio Villar, fundador do CEFE (Centro de Estudos e Formação para o Envelhecimento), lembra que cada pasta da Prefeitura tem sua especialidade e que Londrina tem 25 anos de experiência no trabalho com a pessoa idosa.
“Nós avançamos em vários tipos de trabalhos, tanto que Londrina surpreendeu no último Censo, aumentando significativamente a participação dos idosos na sociedade, muito mais que no Brasil todo. Isso quer dizer que tem um trabalho sendo feito e reconhecido”, afirma.
Para Villar, que já presidiu o CMDPI, uma pasta de Família e Desenvolvimento Social é muito ampla, em um momento em que a população com mais de 60 anos precisa de ações específicas. Ele lembra que a Constituição Federal determina que a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar a população idosa.
“Nós sabemos que as famílias, hoje, estão diminuindo de tamanho e estamos aumentando a expectativa de vida. As famílias sozinhas realmente não suportam esse trabalho que já foi previsto em 1988 [com a Constituição] e que foi construído em Londrina a partir de 1999, com a criação do Conselho e, depois, com a entrada do Estatuto do Idoso”, acrescenta. "Nós sabemos o trabalho que precisamos fazer."
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