O jornal britânico 'The Guardian' publicou editorial na noite de segunda-feira, 18, em que alerta que o processo de impeachment em curso no Brasil pode resultar no fim do atual esforço contra a corrupção. "Muitos temem que a campanha anticorrupção vai desaparecer depois da concentração de fogo final contra Lula", cita o editorial. Para o jornal, a situação pode piorar porque "longe de ajudar a resolver a polarização política e social do Brasil, o impeachment tem exacerbado o problema". O texto faz, ainda, uma dura crítica ao modo que o PT financiou campanhas eleitorais.
Além do possível revés no esforço contra a corrupção, o jornal destaca que eventual governo Michel Temer terá as mesmas dificuldades para superar a crise política e econômica. "O vice-presidente vai enfrentar os mesmos problemas que derrotaram Dilma Rousseff e suas chances de lidar efetivamente com esses problemas devem ser classificadas como baixas", diz o editorial, que cita que "é difícil imaginar um cenário mais sombrio para o Brasil".
O Guardian chama atenção para o "paradoxo" que envolve a acusação contra Dilma Rousseff em País que investiga o grande caso de corrupção na Petrobras. "A presidente não foi implicada no escândalo da Petrobras. Os motivos para o seu impeachment são a manipulação de recursos estatais antes das últimas eleições - não muito mais que delito menor para os padrões brasileiros", cita o editorial. Por outro lado, "quase todos os envolvidos no impeachment são suspeitos de corrupção, incluindo Eduardo Cunha, o presidente da Câmara".
O editorial faz, ainda, dura crítica aos procedimentos que o PT usou para financiar as campanhas eleitorais. "O PT, uma vez o partido menos corrupto do país, escolheu resolver os problemas financeiros mergulhando em dinheiro desviado da Petrobras. Seus aliados da coligação e outros partidos se juntaram", cita.
O Guardian avalia, ainda, que uma série de problemas domésticos e externos levaram o Brasil a atual crise. O Guardian lista a mudança do cenário econômico global, a personalidade da presidente Dilma e a relação disfuncional do Executivo e Legislativo, entre outros motivos.