Política

Grampos: comando sabia que ex-sargento trabalhava no HSBC

06 jun 2001 às 16:56

O Comando da Polícia Militar do Paraná tinha conhecimento dos trabalhos prestados pelo ex-sargento Jorge Luiz Martins no setor de segurança do HSBC Bamerindus. A informação foi confirmada pelo tenente-coronel Donizete Ribeiro durante depoimento à Justiça Militar.

O coronel Ribeiro assumiu o comando do 17º Batalhão da Polícia Militar, onde teoricamente Martins estaria lotado, no dia 6 de fevereiro de 1997. Após realizar um levantamento da unidade, ele teria percebido que o sargento não estava prestando serviços ao batalhão. Ribeiro teria procurado o então comandante do Policiamento da Capital, coronel Renildo Gonçalves, que teria informado que o ex-sargento prestava serviços ao banco por determinação do Comando Geral. "Eu ainda não sabia do vínculo empregatício. Mas não questionei nada. Determinação superior é determinação superior", argumentou ele.


Ribeiro não teria se dado por convencido. Teria solicitado a presença do sargento para instrução no batalhão e teria sido orientado a não sobrecarregar Martins, que tinha que fazer diversas viagens para o HSBC. "Resolvi então solicitar que o sargento me enviasse os relatórios de suas atividades no banco e recebi vários relatórios. Ele mandava notícias sobre prisões de ladrões e o andamento das investigações. Assinava tudo com o chefe de segurança, Florindo Lima", lembrou.


Em meados do mesmo ano, Ribeiro teria recebido um pedido de informações sobre as atividades do sargento no HSBC Bamerindus. A Ouvidoria Geral do Estado teria recebido uma denúncia anônima de que um servidor militar fazia serviços externos no HSBC - o que poderia configurar crime de inobservância da lei, regulamento e instrução da Polícia Militar. "Eu enviei este pedido para o Comando do Policiamento da Capital (CPC), afinal eu não tinha nada a ver com este fato", alegou.


Na oportunidade, o coronel teria sido orientado a devolver o documento (onde vinha anexo um holerite) com a argumentação de que era necessário um vínculo empregatício com o banco para que o sargento pudesse desempenhar suas funções investigativas no HSBC. "Neste momento tive conhecimento do vínculo empregatício, mas não era de minha responsabilidade. Era de responsabilidade de meus superiores fazer alguma coisa", argumentou no depoimento.


Donizete Ribeiro assumiu o cargo de comandante do 17º Batalhão da Polícia Militar das mãos do coronel Guaraci Moraes Barros (ex-comandante da Polícia Militar). O comandante Geral da PM na ocasião era o coronel Luiz Fernando de Lara, afastado do cargo em decorrência de denúncias de peculato (apropriação irregular de recursos públicos), improbidade administrativa e enriquecimento ilícito.

Também foram ouvidos o investigador da Polícia Civil, Roberto Ramires, o chefe de segurança do HSBC, Florindo Lima e o advogado trabalhista Geraldo Carlos da Silva. Na próxima segunda-feira deverá ser ouvido o coronel Sérgio Itamar Alves, ex-comandante Geral da Polícia Militar em meados de 1995.


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