A condução da votação do projeto n º 915, que permite a transferência de serviços de competência do estado para entidades de caráter privado, mostrou que o governo estadual não quer o diálogo com a sociedade. A intransigência foi a marca da votação desta proposta desde o início, avaliou o deputado Tadeu Veneri (PT), um dos sete a votar contra o projeto durante o início da madrugada desta terça-feira (6).
Para Veneri, o governo poderia ter evitado o impasse com os manifestantes que ocuparam o plenário, se tivesse demonstrado a disposição de discutir a proposta com os vários setores para que expusessem suas posições. "Apelamos várias vezes ao governo para que realizasse uma audiência pública, para que abrisse o debate sobre o projeto. Não obtivemos resposta", disse Veneri, lembrando que a pretensão do governo era fazer a votação em poucas horas.
"Tentamos abrir a discussão na Comissão de Constituição e Justiça, mas a liderança do governo usou de mecanismos regimentais para abreviar a discussão. Em nenhum momento, o governo, através da sua liderança na Assembleia se mostrou disposto a ouvir a população. Mesmo depois de apelos feitos pelo presidente do TC, e outros setores da sociedade", destacou o deputado.
O processo somente não foi mais sumário porque na semana passada, o deputado Veneri invocou o Regimento Interno, que prevê o trancamento de pauta se houver votações pendentes de vetos governamentais. Com esta questão de ordem, Veneri conseguiu impedir que o projeto fosse votado a toque de caixa na semana passada. "Ao recusar o debate com a sociedade, atropelar as votações, o governo mostrou a sua verdadeira face", disse o deputado.