Foram eleitas para as Câmaras Municipais no domingo (6) 231 pessoas que se declararam LGBTQIA+ na ficha de inscrição de candidatura entregue ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
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A análise da reportagem considerou quem se declarou gay, lésbica, bissexual, pansexual, assexual e/ou transgênero e concordou em divulgar essa informação na sua página individual do Divulgacand, portal do TSE que reúne dados oficiais das candidaturas.
Esta é a primeira eleição em que dados sobre orientação sexual e identidade de gênero constam nas fichas dos candidatos. Por se tratar de autodeclaração de um campo novo, pode haver erros de preenchimento.
Das 904 candidaturas ao cargo de vereador que informaram ser transgênero, ou seja, não se identificam com o gênero designado no nascimento, 53 foram eleitas.
É o caso de Thabatta Pimenta (PSOL), eleita vereadora em Natal (RN), Benny Briolly, reeleita vereadora em Niterói (PSOL), e Filipa Brunelli (PT), reeleita vereadora em Araraquara (SP).
Já entre os 2.136 candidaturas ao cargo de vereador que declararam ser gay, lésbica, bissexual, pansexual ou assexual, 178 se elegeram. Outros 1.205 viraram suplentes.
O número de eleitos pode ser maior, uma vez que só cerca de 30% dos candidatos decidiram deixar públicas estas informações.
Entre os 147 mil candidatos que informaram a orientação sexual ao TSE, cerca de 2% se declararam LGBTQIA+. Os outros 98% informaram ser heterossexuais.
MAIS CANDIDATURAS
Alguns postulantes que são abertamente LGBTQIA+ não entraram no número geral levantado pela Folha porque não declaram ao TSE a informação.
É o caso da travesti Amanda Paschoal (PSOL), que foi a quinta candidata mais votada para a Câmara Municipal de São Paulo, e do homem trans Thammy Miranda (PSD), também eleito na capital paulista.
Luana Alves (PSOL), oitava vereadora mais votada em São Paulo, também não declarou ao TSE ser bissexual, embora tenha divulgado a informação em seu material de campanha.
Até esta eleição, as informações sobre candidaturas LGBTQIA+ só eram coletadas por organizações da sociedade civil como a ONG VoteLGBT+ e a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais).
Para Gui Mohallem, diretor-executivo da VoteLGBT+, os dados oficiais colhidos pelo TSE são um avanço histórico, mas ainda é necessário um processo de verificação das informações e letramento contínuo da população sobre o tema.
"A gente viu que há alguns erros, então estamos fazendo uma averiguação entre a base do TSE e a nossa", diz Gui Mohallem, diretor-executivo da VoteLGBT+.
A entidade mapeou 225 pessoas LBGBTQIA+ eleitas em 2024, sendo três em prefeituras. Nas eleições anteriores, quando não havia a declaração ao TSE, foram identificadas 97 candidaturas eleitas.
"O fato de a gente não ter uma educação centralizada que pensa na formação das pessoas sobre a questão das orientações sexuais e expressão de gênero implica diretamente na qualidade do preenchimento desses formulários", afirma Mohallem.