O aumento da tensão entre ruralistas e o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no Paraná, com ameaça de conflitos em todas as regiões, levou o governador Roberto Requião (PMDB) a baixar regras, nesta segunda, para o despejo em áreas invadidas no Estado.
Requião determinou que nenhuma ação de despejo no Paraná será cumprida sem que antes se esgotem todas as possibilidades de negociação com a Comissão de Mediação de Conflitos Agrários. A comissão é presidida pelo secretário do Trabalho e Ação Social, padre Roque Zimermann (PT), um aliado histórico do MST no Paraná.
Outra norma baixada pelo governador é que, em caso de impasse, só acontecerão despejos com acompanhamento do Ministério Público e a presença de equipe de vídeo do governo filmando a ação da Polícia Militar. Esses despejos serão de livre acesso para a imprensa. No governo Jaime Lerner (PFL) a imprensa era proibida de acompanhar as desocupações.
As regras estabelecidas por Requião acontecem em um momento em que o Sinapro (Sindicato Nacional dos Produtores Rurais) anuncia que irá pedir intervenção federal no Paraná e, ao TJ (Tribunal de Justiça) do Paraná, o afastamento e prisão do comandante da Polícia Militar no Paraná, David Pancotti, por desobediência à decisões judiciais.
Narciso Rocha Clara, presidente do Sinapro, disse que Requião tem "protegido os vândalos do MST" ao não cumprir determinação da juíza de Manoel Ribas (região central do PR), Adriana Marques dos Santos Ossipi, para reintegração de posse da fazenda Três Marias e prisão dos sem-terra que ocupam área.
A fazenda foi invadida no último dia 12 por 400 famílias sem-terra. Requião informou que até a próxima segunda-feira o impasse na fazenda será resolvido sem necessidade de ação policial.
Existe tensão entre ruralistas e o MST em Santa Maria do Oeste, com invasões de áreas, Ponta Grossa, com a invasão da Monsanto do Brasil, e em Lindoeste (oeste do PR), onde três oficiais da PM foram afastados por Requião após denúncia de "excessos" no despejo da fazenda Alvorada, no último sábado.
Em Marialva (noroeste do PR), a CPT (Comissão Pastoral da Terra) afirmou ontem que dois agentes pastorais, Santo e Gislaine Megiatto, foram vítimas de atentado no último domingo. O casal teve sua propriedade rural atacada. A casa teria sido queimada e 25 porcos roubados. Os autores do atentado seriam fazendeiros da região, de acordo com a CPT.