A cassação da prisão preventiva do marido, o ex-prefeito de Londrina Antonio Belinati (sem partido) motivou a vice-governadora, Emília Belinati (PTB), a romper o silêncio. Desde a prisão do marido, no último dia 4, a vice evitou comentar o assunto. Não deu entrevistas e permaneceu a maior parte do tempo em casa, em Londrina.
Nesta sexta-feira Emília voltou a Curitiba e criticou a decisão do juiz que decretou a prisão do marido. "Essa decisão foi um ato de violência e uma injustiça", atacou.
Emília argumentou que o mérito da questão ainda não foi julgado. "Tem que se obedecer o princípio básico de que todos são inocentes até que se prove o contrário", reclamou.
A vice-governadora disse que preferiu manter o silêncio e a serenidade para não influenciar a opinião pública.
Ainda abalada pelos acontecimentos, Emília explicou que foram dias muito difíceis para toda família. "Mas recebemos várias manifestações de apoio dos amigos, pessoalmente ou através de cartas e fax. Isso foi muito importante", frisou. "Faço questão de agradecer a todos que nos prestaram solidariedade", emendou.
Ela disse estar mais tranquila e espera o desenrolar da ação. "Tenho rezado bastante, para ter forças neste momento e para que tudo dê certo", desabafou Emília, que é evangélica.
Irritada com o ultimato do presidente nacional do PTB, José Carlos Martinez - que deu prazo até quarta-feira para que ela peça desfiliação -, Emília admitiu a possibilidade de sair do partido. A vice-governadora afirmou que está descontente com o partido há muito tempo.
"Não é porque o presidente falou grosso e eu sou mulher que vou me intimidar", atacou. "Tenho todos os motivos para sair", sinalizou, sem, no entanto, garantir que pretende mudar de partido.
Emília se inocentou de qualquer denúncia que pese contra ela. Disse que nunca foi denunciada em nenhum processo. "Apenas fui citada em uma ação cível preparatória para produção de provas", afirmou. Seu nome está na primeira medida cautelar proposta pelo Ministério Público em maio do ano passado. Foi decretada indisponibilidade dos bens da família Belinati.
Emília foi deputada estadual de 1991 a 94, pelo PDT. Foi eleita vice-governadora, em 1995 (primeira gestão Jaime Lerner), ainda pelo PDT. Na reeleição de Lerner, Emília (no PTB) estava rompida com o governador. Deixando as desavenças explícitas, nem compareceu à cerimônia de posse no Palácio Iguaçu.
Leia mais em reportagem de Maria Duarte, na Folha do Paraná/Folha de Londrina deste sábado