Política

Deputados trocam projetos por política

01 jul 2001 às 17:07

Temas polêmicos, de cunho mais político que técnico, dominaram as discussões dos deputados estaduais no primeiro semestre deste ano. Privatização da Copel, a prisão do ex-prefeito de Londrina Antonio Belinati e o novo plano de saúde para o funcionalismo público foram alguns dos temas mais debatidos em plenário. Embora o número de projetos aprovados tenha sido maior, comparando-se com anos anteriores, a importância das novas leis aprovadas pelos parlamentares paranaenses é questionável. Com algumas exceções, os projetos mais importantes foram aprovados às pressas na última semana antes do recesso. Os deputados estão de férias e só voltam ao trabalho no dia 1º de agosto.

Logo após o começo dos trabalhos do Legislativo, em 15 de fevereiro, os deputados da bancada de oposição encaminharam projeto para revogar a autorização dada pela Assembléia ao governo do Estado para a venda da Copel. O assunto dividiu os parlamentares, causou estragos na base aliada ao governo e resultou no primeiro projeto de lei de iniciativa popular encaminhado à Casa. Mais de 120 mil paranaenses de 241 municípios referendaram o projeto que tenta impedir a venda da estatal de energia, que o governo pretende realizar em outubro. A votação, no entanto, foi adiada para o segundo semestre. Destino semelhante teve o projeto que implanta um novo plano de saúde para os servidores.


Para o professor de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo de Oliveira, a análise do trabalho dos deputados mostra que a produção do Legislativo local ainda é muito baixa. Ele coordena o acompanhamento das atividades parlamentares, feito por dois acadêmicos em parceria com a Folha.


Ricardo Oliveira lembra que no segundo semestre devem se intensificar as mudanças partidárias por causa das eleições do próximo ano. "Agosto e setembro serão meses decisivos para o troca-troca de partidos, que precisa ser feita um ano antes da próxima eleição", diz.


O professor também avalia que a corrida presidencial deve dar o tom no cenário político de agora em diante. E ter reflexos na estrutura partidária do Estado. Segundo Ricardo Oliveira, a vinda de candidatos à presidência da República, como o caso do governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB), que esteve na Assembléia na semana passada, é um sinal disso. Além de fazer campanha, o governador fluminense veio avalizar a filiação do deputado Hidekazu Takayama, tradicional aliado ao governo do Estado.


Estas mudanças, prossegue o professor da Federal, vão significar uma reengenharia na base oposicionista e na base aliada ao Palácio Iguaçu. "Além do mais, com a proximidade das eleições há uma tendência natural de aliados deixarem de lado a fidelidade para não sofrerem o desgaste que acarreta a permanência nas fileiras governistas."

Pelo levantamento publicado mensalmente pela Folha, em junho, a Assembléia paranaense realizou 13 sessões ordinárias. Para cumprir promessa do presidente da Casa, Hermas Brandão (PTB), e limpar a pauta de votações, foram necessárias 14 sessões extras.


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