De forma silenciosa e pacífica, cerca de 150 servidores e pessoas credenciadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado estão se revezando para convencer os deputados "ainda indecisos" da comissão especial que analisa o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff de que "votar a favor do afastamento é votar a favor de uma ruptura institucional que atenta contra a democracia no país".
A manifestação, que reuniu cerca de 25 pessoas no início da tarde desta segunda (11), é organizada pelo Comitê Pró-Democracia, uma articulação que abrange servidores do Congresso Nacional e de 46 organizações da sociedade civil. Além de entregar flores do cerrado aos deputados, os manifestantes pediam aos parlamentares "apoio na defesa da democracia, da tolerância, do diálogo e pelo convívio pacífico entre divergentes", disse à Agência Brasil uma das integrantes do movimento, a jornalista Bia Barbosa, do Intervozes.
"Há três semanas, estamos fazendo essas ações por considerarmos importante esse tipo de manifestação dentro da Casa, próximo aos parlamentares. Infelizmente a presidência da Câmara tem colocado muitas dificuldades para qualquer tipo de manifestação aqui dentro. Decidimos, então, juntar pessoas credenciadas que são contrárias ao golpe que está em andamento no país", disse Bia Barbosa em meio a críticas sobre a forma como o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tem conduzido os trabalhos.
Segundo a jornalista, Cunha tem atuado de forma extremamente autoritária e antidemocrática em uma casa legislativa que representa a população brasileira, em um momento extremamente importante para o país, inclusive usando deputados para, nos discursos em plenário, fazer ameaças de retaliação a funcionários. "Nesse sentido, é inaceitável qualquer tipo de censura às manifestações. No entanto, temos notado servidores filmando colegas que se manifestam contra o golpe."
Bia Barbosa diz que é "consenso" entre todas as entidades e servidores que compõem o Pró-Democracia, que "o que está acontecendo no país é uma tentativa de golpe, porque não está caracterizado crime de responsabilidade" praticado por Dilma Rousseff. "Trata-se de uma ruptura institucional que vai contra a democracia brasileira."
Entre as ações já executadas pelo Comitê Pró-Demoracia, com a ajuda de entidades religiosas e da área de saúde, houve a "distribuição de vacinas contra o golpe e de pílulas da democracia". Quem aceitava participar do ato recebia um adesivo com o dizer "vacinado contra o golpe".
A Comissão Especial do Impeachment, que está reunida neste momento, deve votar. no fim da tarde de hoje, o parecer do relator, deputado Jovair Arantes (PTB-GO), favorável ao afastamento da presidenta Dilma Rousseff.