Política

Campanhas de outros políticos também receberam dinheiro de propina, diz advogado

18 mai 2015 às 15:45

O acordo de delação premiada firmado entre o auditor fiscal Luiz Antônio de Souza e o Ministério Público (MP) deve ganhar novos "capítulos" no decorrer dos próximos dias, após o acusado de integrar o esquema de cobrança de propina da Receita Estadual em Londrina voltar a prestar novos depoimentos ao Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Detalhes dos primeiros depoimentos de Souza foram revelados pelo advogado dele, Eduardo Duarte Ferreira, na última sexta-feira (15). A principal revelação dá conta de que a campanha à reeleição do governador Beto Richa (PSDB) teria recebido cerca de R$ 2 milhões angariados por meio do esquema criminoso. Em entrevista ao Bonde nesta segunda-feira (18), Ferreira afirmou que campanhas eleitorais de outros políticos também receberam dinheiro de propina. Ele não quis revelar nomes, mas garantiu que Souza pretende informar todos os detalhes ao Gaeco por meio da delação.

O advogado afirmou, apenas, que os outros políticos supostamente beneficiados integraram a coligação de Beto Richa nas eleições do ano passado. Ainda conforme o advogado, pelo menos cem pessoas, entre físicas e jurídicas, teriam envolvimento direto no esquema descoberto dentro da Receita Estadual. "A quantidade de informação que o meu cliente tem é impressionante", destacou o advogado.


Souza também revelou, na última semana, que o esquema criminoso angariou mais de R$ 50 milhões em propina nos últimos dez anos, e que a organização é antiga e age no estado há pelo menos três décadas. Há, ainda, a informação de que 10% de todo o dinheiro arrecadado pelo "propinoduto" teria sido enviado para a inspetoria-geral da Receita, em Curitiba.


O auditor disse, ainda, que delegados e inspetores chegaram a arrecadar até R$ 100 mil por meio do esquema em um único mês.


Luiz Antônio de Souza também estaria revelando detalhes do mega esquema de exploração sexual de adolescentes que veio à tona em Londrina no dia 13 de janeiro, quando ele foi preso em um conhecido motel da cidade na companhia de uma adolescente de 15 anos. Como os processos desse esquema seguem sob sigilo, o advogado do auditor disse não poder divulgar as revelações já feitas pelo seu cliente.


O MP deve passar os próximos dias digitalizando a quase 30 horas de depoimentos de Luiz Antônio de Souza antes de voltar a ouvi-lo.


Outro lado


O diretório estadual do PSDB negou, de forma veemente, que a campanha de Richa recebeu dinheiro de propina em 2010. O partido fez o comunicado por meio de uma nota na sexta-feira.

Já o governador usou o Facebook no sábado (16) para dizer que está sendo vítima de uma "campanha orquestrada". "O Paraná não aceita baixaria", destacou Richa.


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