Política

Campanha em Londrina tem menos denúncias feitas por eleitores que cidades de menor porte

03 out 2024 às 16:58

A quantidade de denúncias de abusos em propaganda eleitoral em Londrina, cresceu 6,8%% entre as eleições municipais de 2020 e as atuais. Foram 156 nos dois turnos passados contra 167 até por volta das 16h desta quinta (3), a três dias do pleito. A comparação é entre 2024 e 2020, último ano de eleições municipais, com base em denúncias que podem ser feitas pelo Pardal, que em aplicativos para iOs, Android e também versão web. 


Segunda maior cidade do Paraná, Londrina teve menos registros de possíveis irregularidades eleitorais que a capital Curitiba, com 881 reclamações feitas, mas, também, que outras cidades menores. Um exemplo é Foz do Iguaçu (Oeste), onde eleitores alertaram sobre 600 possíveis irregularidades eleitorais. Maringá (Noroeste), com 416 registros; Guarapuava (Centro-Sul), com 365, e São José dos Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba), com 183.


Em todo o Paraná, são 6.193 até as 16h desta quinta, contra 5.951 das registradas em 2020. De acordo com o sistema, o maior número de ocorrências denunciadas vieram da internet (24%), seguido de banner/cartaz/faixa (19%), bem público (15%) e bem privado (12%). A maioria é contra vereadores (4012), seguido de candidatos a prefeito (1124), partido/coligação (907) e candidatos a vice (50). Estes dados não são especificados por município.



No Brasil, até esta quinta, foram mais de 75,7 mil denúncias feitas, contra 105,5 mil nas eleições municipais de 2020.


O juiz eleitoral do 107º Cartório Eleitoral de Londrina, Mauro Ticianelli, afirmou que o volume de denúncias em Londrina está “normal”, mas se espantou com a quantidade de registros em todo o Brasil. Por outro lado, ressaltou a importância do aplicativo Pardal para a fiscalização feita pelo eleitor.  “O sistema Pardal permite que qualquer cidadão, fiscal de partido ou candidato tire uma foto de uma propaganda ilegal e envie diretamente ao site do TRE (Tribnunal Regional Eleitoral). A denúncia chega imediatamente a nós, juízes, sendo distribuída como um processo”, explicou 


Ele ressaltou que, após a denúncia, o candidato é intimado e, se corrigir a irregularidade, como remover um cartaz ilegal, o processo é extinto. “Isso tem sido muito eficaz e, com certeza, contribuiu para o grande número de denúncias", afirmou. O juiz também apontou que, em Londrina, a maioria das denúncias é simples, como cartazes colados em locais inadequados. “São questões pequenas, mas irregulares, e a gente manda retirar”, finalizou.



Pouco conhecido e difícil de usar


Embora bastante divulgado pela Justiça Eleitoral, o sistema de registros dessas denúncias, o Pardal, ou é desconhecido pela população, ou apresenta dificuldades para o registro. Foi o que a equipe Bonde não apenas enfrentou, mas, também, checou com eleitores nas ruas.


Quem tenta acessar o sistema, é direcionado para as versões para dispositivos móveis, sem apresentar a versão para computadores – mais amigável, mas, menos acessível nas ruas. Em dispositivos Android, é possível fazer o login tanto pela conta Gov.Br quanto pelo e-Título. Porém, nos testes feitos pela equipe do Portal Bonde, houve dificuldade para que os acessos fossem reconhecidos.


Eleitores abordados na rua também disseram desconhecer o sistema. Dentre as pessoas ouvidas pela reportagem, cinco afirmaram não conhecer o Pardal e nunca terem ouvido falar sobre. Entretanto, Andréia Ravachi, 41, e Nádia Ketlly de Oliveira, 18, afirmam ser importante que a ferramenta exista e possa ser um facilitador para a população. 


Já o analista de sistemas Paulo Martins conta que tentou utilizar o aplicativo para abrir uma denúncia contra assédio eleitoral, mas desistiu antes de finalizar o processo. 


“Esse aplicativo não é nada funcional. Eu, como analista de sistemas, entendo que uma ferramenta assim precisa ser acessível para a população, mas, se eu que sou letrado [em tecnologia da informação] tive dificuldades, imagina quem não tem uma educação, então eu acho que é um aplicativo feito de fachada, só para falar que tem, porque não funciona”, comentou.


(Colaborou Josiel Aparecido - Estagiário)

Continue lendo