Um áudio atribuído ao deputado federal André Janones (Avante-MG) mostra o parlamentar cobrando parte dos salários de assessores, numa prática conhecida como rachadinha. A gravação, de 2019, foi divulgada nesta segunda-feira (27) pelo site Metrópoles. O deputado afirma que a gravação é clandestina e criminosa e que o áudio foi retirado de contexto.
No áudio divulgado pelo Metrópoles, Janones diz que usaria o dinheiro para pagar prejuízos de uma campanha de 2016, ao cargo de prefeito de Ituiutaba (MG).
Leia mais:
Lula defende 'pilar social' e jornada de trabalho equilibrada no G20
Paraná: Programa 'Parceiro da Escola' é suspenso pelo Tribunal de Contas
Ato contra 6x1 na Paulista tem xingamento a Nikolas Ferreira e ausência da CUT e PT
Irmão de autor de atentado diz que ele se "deixou levar pelo ódio"
O áudio, segundo a reportagem do Metrópoles, foi gravado por um ex-assessor, e a conversa ocorreu dentro de uma sala de reuniões na Câmara dos Deputados. O áudio seria de fevereiro de 2019.
Na conversa, Janones fala que "algumas pessoas" do núcleo de funcionários dele receberiam um valor maior do que o normal de salário. O valor seria repassado para ele para abater o prejuízo de R$ 675 mil na campanha de 2016. Janones teve 13.759 votos, ficando em segundo lugar no pleito para prefeito, com 24,4%, atrás do candidato Fued Dib (PMDB), que teve 29.388 votos.
No áudio, Janones nega que esteja cometendo corrupção. Ele fala aos assessores que o repasse "não é segredo" e que "não tem problema ninguém saber". Ele também diz que perdeu uma casa, um carro, poupança e previdência privada na campanha de 2016.
O deputado também afirma que não "entristeceria um milímetro" se perdesse o mandato por alguma denúncia.
"Não é [corrupção], porque o 'devolver salário' você manda na minha conta e eu faço o que quiser. São simplesmente algumas pessoas que eu confio e que participaram comigo em 2016, e que eu acho que elas entendem que realmente o meu patrimônio foi todo dilapidado. Eu perdi uma casa de R$ 380 mil, um carro, uma poupança de R$ 200 mil e uma previdência de R$ 70 mil. Eu acho justo que essas pessoas também hoje participem comigo dessa reconstrução disso", diz na gravação.
Ao UOL o deputado, que ficou conhecido por defender nas redes o hoje presidente Lula ao longo da campanha eleitoral de 2022, afirmou que os áudios foram retirados de contexto e disse que nunca fez rachadinha nem recebeu dinheiro de assessores. Ele também afirmou que o conteúdo foi "criminosamente gravado" e mencionou "edições manipuladas" no que foi divulgado nas redes sociais.
"Saiu uma matéria, que está sendo espalhada pela extrema direita, que me acusa de rachadinha, coisa que eu nunca fiz. Pra isso eles usaram uma gravação clandestina e criminosa, um áudio retirado de contexto e para tentar me imputar um crime que eu jamais cometi. Aproveito para solicitar que o conteúdo criminosamente gravado seja disponibilizado na íntegra e não edições manipuladas, postada quase simultaneamente por todas as lideranças de extrema direita."
O deputado do Avante afirma também: "Em 2022 já fizeram isso durante a campanha, também com áudios fora de contexto. Essas denúncias vazias nunca se tornaram uma ação penal ou qualquer processo, por não haver materialidade. Não são verdade, e sim escândalos fabricados. No mais, repito eu NUNCA recebi um único real de assessor, não comprei mansões, nem enriqueci e isso por uma simples razão, eu nunca fiz rachadinha".