Os senadores paranaenses Alvaro Dias e Osmar Dias decidiram assinar ficha no PDT de Leonel Brizola. A reunião que selou a mudança de partido aconteceu terça-feira à noite, em Brasília. Os senadores já haviam conversado com as bancadas federal e estadual. A definição partidária encerra a novela protagonizada pelos senadores desde que a cúpula nacional tucana decidiu expulsá-los por terem apoiado a CPI da Corrupção, para investigar o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
A escolha do PDT faz parte da estratégia política dos senadores rumo às eleições de 2002, porque o partido pode coligar com PMDB e PT, além de partidos menores. Alvaro é, a princípio, o candidato à sucessão do governador Jaime Lerner (PFL). Osmar disputará uma das duas vagas do partido do Senado. Os irmãos Dias também farão parte da executiva estadual.
Alvaro precisa de coligações para aumentar o tempo na TV e pavimentar a candidatura. O PDT tem dois blocos de um minuto e meio (três minutos). O PMDB tem oito minutos (duas inserções). O PT tem no total seis minutos.
Alvaro deixa o PSDB, partido onde seus aliados permanecem lutando na Justiça, na tentativa de anular a nomeação do deputado federal Basílio Villani como presidente da junta interventora do ninho tucano no Paraná. "O PDT está na faixa de centro-esquerda, e facilita alianças. Além disso, o partido é oposição no plano federal e estadual", declarou Alvaro.
Osmar estava sem partido desde junho, quando encaminhou sua ficha de desfiliação ao PSDB de Maringá. Osmar oscilava entre PDT e PMDB, mas a opção pelo PMDB não foi possível por causa da dificuldade de entendimento entre seu irmão Alvaro e o presidente estadual do partido, senador Roberto Requião. Segundo Osmar, sua entrada no PMDB seria interpretada como traição ao irmão. "Não quis criar esse constrangimento. Disputa entre irmãos é inconcebível", disse Osmar.
Contrariando as expectativas, Alvaro não foi para o PSB. Caso Osmar fosse para o PDT e Alvaro para o PSB, os dois partidos teriam dificuldades para coligar. O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, e o governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PSB), têm problemas de relacionamento. Além disso, no Paraná o PSB apóia Jaime Lerner. Alvaro e Osmar já haviam garantido que dividiriam o mesmo palanque, mesmo que fossem para legendas diferentes.
Uma corrente de políticos paranaense acredita que Alvaro deve disputar a vice-presidência na chapa encabeçada pelo ex-ministro Ciro Gomes. Nesse caso, Osmar disputaria o governo do Estado.
A filição será anunciada oficialmente neste sábado, durante ato político no Teatro Fernando Montenegro, em Curitiba.