Pelo menos R$ 83,6 mil arrecadados pela campanha de reeleição do governador Beto Richa (PSDB) vieram de auditores da Receita Estadual de Londrina por meio de doações de 35 auditores, incluindo nove dos 15 réus da Operação Publicano deflagrada em março pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que revelou a existência de um esquema de cobrança de propina de empresários que sonegavam impostos estaduais.
Conforme a prestação de contas de Beto no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as doações variam entre R$ 1 mil e R$ 5 mil. Os maiores valores foram doados pelo casal Márcio de Albuquerque Lima, apontado pelo Gaeco como líder da organização criminosa, e Ana Paula Pelizari Marques Lima. Cada um contribuiu com R$ 5 mil.
Os auditores Dalton Lázaro Soares, Iris Mendes da silva, José Luiz Favoreto, Marco Antonio Bueno, Miguel Arcanjo Dias, Ranulfo Dagmar Mendes e Rosângela de Souza Semprebom – réus na denúncia do esquema criminoso – também foram colaboradores da campanha. Todas as doações ocorreram em setembro e a maioria foi feita por meio de transferência eletrônica.
Também fizeram doações o auditor Jaime Nakano (R$ 2 mil), que atualmente está lotado em Curitiba, e o atual coordenador da Receita do Paraná, José Aparecido Valêncio da Silva (R$ 1 mil), apontados pelo auditor Luiz Antonio de Souza como integrantes da quadrilha que agia em Londrina. Souza é o único auditor que até agora resolveu colaborar com as investigações do Gaeco, revelando, em acordo de delação premiada, nomes de outros auditores que participariam do esquema, além de empresários e políticos beneficiados.
Uma das denúncias de Souza envolve Beto, segundo declarou na semana passada o advogado de Souza, Eduardo Duarte Ferreira: sua campanha de reeleição teria recebido aproximadamente R$ 2 milhões de dinheiro oriundo de propina arrecadada por fiscais da Receita junto a três empresas da região. A "encomenda" do valor teria partido de Luiz Abi Antoun, parente distante de Beto, que teria incumbido Lima – a quem indicou para o cargo – de obter o dinheiro. O PSDB qualquer arrecadação ilegal na campanha.
Sobre as doações feitas por auditores, o diretório estadual do PSDB "ressalta que as doações para a campanha de 2014 foram realizadas de maneira voluntária e que todas ocorreram dentro da legalidade, sendo registradas e atestadas pelo Comitê Financeiro. As contas foram apresentadas e aprovadas integralmente pela Justiça Eleitoral".
Quanto às doações legais feitas pelos auditores, Ferreira disse que seu cliente as citou nos depoimentos, mas o advogado não deu detalhes do teor da declarações. O Gaeco não comentou o fato.