Os promotores Evandro Augusto Dell Agnelo Santos e Caroline Guzzi Zuan Esteves mostraram-se "inconformados" com a decisão do juiz da 4ª Vara Criminal de Londrina, Luiz Valério dos Santos, que condenou dois de quatro acusados pelo latrocínio (roubo seguido de morte) do policial militar aposentado Ernani Euzébio da Silva, 55 anos, em janeiro de 2018. Na sentença do fim de maio, o magistrado aplicou, respectivamente, 30 anos e oito meses e 29 anos e oito meses em regime fechado a Felipe Cardoso Rodrigues e William de Oliveira, que estão presos desde o início do processo.
O juiz inocentou Eugênio Rodrigues Rocha e Hélio Júnior da Silva Campos pela morte da vítima. Mas o Ministério Público acredita que a dupla teve participação no crime. O argumento é baseado pela declaração dada durante as audiências por um investigador da 10ª Subdivisão Policial que integrou as investigações. Ele afirmou que assistiu as imagens das câmeras de segurança que registraram o assassinato e notou três pessoas que entraram na casa onde Ernani Euzébio estava.
Segundo o MP, a versão do agente tem coerência com o depoimento de outras testemunhas. "Eles não participaram diretamente, mas atuaram de forma decisiva no conluio e fornecimento de meios para a prática do delito ao emprestarem o veículo e a arma para que os outros condenados praticassem o crime. O fato de não haver uma pessoa que presenciou o caso e aponte categoricamente para um acusado, ou relate perfeitamente como tudo aconteceu, não é motivo para absolvição".
Para o advogado de Hélio Campos, Alessandro Rodrigues, "o Ministério Público já agiu errado a partir de suas alegações finais escritas quando pediu a condenação do meu cliente. Um promotor deve lutar pela justiça, e não querer a condenação a todo custo mesmo diante da total ausência de indícios, como ocorre no presente caso.
Portanto, o inconformismo não encontra respaldo nas provas produzidas, pois de fato nada coloca o Hélio como um dos autores dos delitos apurados. Cremos que o Tribunal de Justiça manterá a sentença absolutória nos exatos termos".
Já as advogadas Patrícia Almeida Martins e Andréa Pereira Rosa, que defendem Eugênio Rocha, pontuaram que estão "convictas que a sentença de primeiro grau não será reformada, já que ficou comprovado o não envolvimento dele no delito. Sendo assim, a defesa acredita na confirmação da absolvição em segunda instância".
Ainda sem data definida, o recurso será analisado agora por um colegiado do TJ. De acordo com a Polícia Civil, além dos quatro condenados, um quinto suspeito, Ederson Cristiano da Cruz, teria envolvimento na morte do PM da reserva. Ele morreu em um confronto com a Polícia Militar no jardim São Jorge, zona norte. Os policiais informaram que ele estava com uma submetralhadora caseira. Três tiros atingiram o tórax e cotovelo do rapaz.
A polícia apurou que o subtenente Euzébio conversava com um vizinho na frente do portão da casa dele, no jardim Santa Alice, região leste, quando William, Ederson e João Pedro chegaram para assaltar a residência. Eles amarraram os familiares do proprietário em um dos cômodos. O policial tentou intervir e foi baleado três vezes, morrendo no local.